Já não se fazem jardins assim… Construídos no tempo em que se dava atenção a cada pequeno detalhe, os jardins históricos de Portugal foram sendo substituídos por parques citadinos com arquitetura mais moderna e, na nossa humilde opinião, um pouco mais aborrecida. Se antes eram espaços de romantismo e de convívio, hoje são construídos mais para o desporto e o lazer.
No fundo, são apenas consequências da evolução natural dos tempos. Os jardins históricos deram lugar a locais mais funcionais e adequados às exigências da população mais jovem. Mas muitos destes jardins ainda sobrevivem e, passear neles, é um autêntico regresso ao passado.
As árvores centenárias, os lagos artificiais e os bancos de metal rendilhado são apenas algumas das suas caraterísticas mais distintas e evidentes. Conheça alguns dos jardins históricos mais bonitos de Portugal.
1. Jardim Terra Nostra (São Miguel, Açores)
No Vale das Furnas, existe um jardim há mais de duzentos anos. No entanto, do alto do Miradouro do Pico de Ferro consegue-se perceber que não é propriamente um vale, mas sim uma cratera, de 7 quilómetros de diâmetro, vestígio de um vulcão inativo.
O Vale das Furnas apenas começou a ser popular no final do séc. XVIII, graças às suas águas minerais, que se diziam tratar reumatismo e obesidade. As Furnas têm centenas de pequenas nascentes e cursos de água, estando o Parque Terra Nostra situado no meio desta hidrópole.
2. Quinta das Lágrimas (Coimbra)
É conhecida por ser o cenário do amor de Pedro e Inês, tendo sido amplamente visitados pelas principais figuras da história europeia, especialmente a zona da Fonte dos Amores e da Fonte das Lágrimas. É claro que, na altura dos dois amantes, nenhuma destas existia.
Afinal, a quinta era uma coutada real, que se chamava Pombal, e a Fonte das Lágrimas era um canal que a Rainha Santa Isabel mandara construir, para levar água ao Convento de Santa Clara. Foi Camões quem começou por lhes trocar os nomes. Hoje, os 18 hectares da quinta estão integrados num hotel de luxo, mas encontram-se abertos ao público.
3. Mata Nacional do Buçaco, Mealhada
Ocupa 15 hectares e tem um valor patrimonial incrível. Aqui encontra uma das maiores coleções de árvores e arbustos da Europa, que se erguem por entre o riquíssimo património histórico, como as ermidas que evocam os Passos da Via Sacra oi o Museu Militar do Buçaco, palco de uma importante batalha que ajudou a repelir as Invasões Francesas.
Se quiser passar aqui uma noite, pode optar por entre o lindíssimo Palace Hotel, ou pelas Casas do Bussaco, antigas casas de guardas-florestais que foram requalificadas como alojamento.
4. Casa da Ínsua (Penalva do Castelo)
Situa-se a 25 km de Viseu e é conhecida pela sua importância cultural e arquitetónica, mas também pelos seus imponentes jardins oitocentistas, que atraem visitantes o ano inteiro. Estes jardins são únicos graças à sua imensidão, originalidade e variedade das espécies botânicas, sendo que não podemos deixar de destacar o Jardim Francês e o Jardim Inglês.
O primeiro encontra-se em frente à casa principal e remonta a 1856. Tem dois níveis de arbustos e tem um notável desenho geométrico, com o espelho de água a refletir a casa principal. É neste lago que podemos ver a flor de lótus indiana, que floresce entre junho e julho e apenas vive 48 horas. Mais de 32 variedades de camélias dominam este jardim.
5. Jardim Público de Chaves
Qualquer flaviense que se preze (especialmente os mais velhos) conhece este jardim como a palma das suas mãos. Aqui eram feitas as famosas “verbenas”, uma espécie de arraial ou festa noturna em que uma banda tocava no coreto que se ergue no centro do parque.
O jardim foi oferecido à cidade de Chaves por um dos seus mais ilustres cidadãos do século passado: Cândido Sotto Mayor, um antigo banqueiro. Nos últimos anos, a área verde da cidade de Chaves cresceu exponencialmente e hoje ocupa ambas margens do rio Tâmega. Mas o Jardim Público continua a ser o seu recanto mais encantador.
6. Jardim do Paço Episcopal (Castelo Branco)
Este é um dos mais originais exemplares do barroco em Portugal, com 5 418 m2. Foi encomendado pelo Bispo da Guarda, D. João de Mendonça. O formoso jardim tem forma retangular e é dominado por balcões e varandas com guardas de ferro e balaústres de cantaria. Tem cinco lagos, de bordos trabalhados, onde estão montados jogos de água.
O jardim divide-se em 4 sítios diferentes, ligados entre si: a entrada, o patamar do buxo, o Jardim Alagado e o Plano Superior. A entrada faz-se, desde 1936, a partir da Rua Bartolomeu da Costa. O patamar do buxo tem planta retangular e divide-se em 24 talhões, limitados por sebes de buxo.
7. Jardim Tropical Monte Palace (Madeira)
Este jardim tropical, situado na Quinta Monte Palace, tem cerca de 100 000 espécies vegetais, entre os quais uma coleção de cicas que, pela sua idade, são consideradas fósseis vivos.
O jardim, propriedade da Fundação Berardo, tem vindo a crescer com a introdução de plantas de todo o mundo. O jardim tem um espaço dedicado à flora madeirense, onde se encontram variedades da Laurissilva da Macaronésia, além de espécies em vias de extinção, como o Pittosporum coriaceum.
8. Jardim do Palácio da Pena, Sintra
Uma das mais belas criações arquitetónicas do Romantismo em Portugal, o parque e palácio de Monserrate foram testemunha ímpar dos ecletismos do séc. XIX. O palácio tem influências góticas, indianas e mouriscas, com motivos exóticos e vegetalistas que se prolongam ao exterior.
Os jardins têm espécies de todo o mundo, estando organizados por áreas geográficas. O relvado junto ao palácio permite descansar durante a descoberta deste jardim botânico. Tudo isto graças à visão única do Rei D. Fernando II.
9. Parque de Vidago (Chaves)
Quando as águas termais foram descobertas na vila de Vidago, em Chaves, poucos imaginariam que ali seria construído um dos jardins históricos mais bonitos de Portugal. Este espaço verde rodeia por completo o Palace Hotel de Vidago e conta com árvores centenárias, com destaque para as magnólias.
Existe ainda um lago artificial e trilhos que nos levam à descoberta de cada recanto deste recinto. Antigamente, o parque estava aberto de forma livre a todos os que quisessem visitá-lo. Hoje em dia, o acesso é mais restrito e controlado pela entidade que gere o hotel Palace.
10. Parque das Pedras Salgadas (Vila Pouca de Aguiar)
Tal como o vizinho parque de Vidago, também o parque das Pedras Salgadas cresceu à volta das águas termais que aqui foram descobertas. O estilo é também semelhante, com um lago artificial e caminhos que serpenteiam todo o território. Ambos são representativos do famoso estilo da Belle Époque.
Após algumas décadas de abandono, o parque foi recuperado. Hoje, o seu grande destaque são as casas nas árvores, de design moderno e com todas as comodidades necessárias para uns dias de descanso pleno. Tem ainda um Spa Termal e é possível fazer percursos a pé, de bicicleta ou a cavalo.