O Centro de Portugal é rico em pequenas aldeias, umas mais conhecidas do que outras, onde ainda são preservados muitos dos hábitos antigos das suas populações. Apesar de o progresso ter tomado conta de muitas delas, ainda existem algumas típicas e tradicionais, repletas de pequenos detalhes que nos fazem viajar no tempo.
Seja na Serra da Estrela, nas aldeias histórias ou nas aldeias de xisto, muitas destas aldeias começam agora a ganhar uma nova vida depois de algumas décadas de abandono. Motivadas pelo amor à terra e pelas tradições, existem pessoas que estão a recuperar casas ou aldeias inteiras com o intuito de voltar a dar-lhes a vida que outrora tiveram.
Visitar estas aldeias é mergulhar no mais profundo da nossa cultura, das nossas tradições e daquilo que somos enquanto povo. Preservá-las e estimá-las é respeitar a nossa história e assegurar que os nossos descendentes também as possam visitar. Descubra algumas das mais secretas aldeias do Centro de Portugal.
1. Aigra Nova
Aigra Nova é uma das quatro aldeias do concelho de Góis que fazem parte da rede de Aldeias do Xisto. Está dividida em três pequenas ruas, onde encontra as bonitas casas de construção baixa e à base de xisto, num local que alia o passado com o futuro de uma forma singular e muito apelativa.
Caminhar pelas suas ruas é fazer uma autêntica viagem ao passado. A melhor forma de descobrir a aldeia é passeando, sem pressas, pelos seus becos e ruelas e apreciando cada pequeno detalhe. Ao mesmo tempo, vá imaginando como seria a vida de quem vivia nesta pequena aldeia de xisto há apenas uma décadas.
2. Pena
É uma das aldeias de xisto mais isoladas da Serra da Lousã. Mas também é uma das maiores e melhor preservadas. Pena fica no concelho de Góis e talvez seja o seu isolamento que faz com que receba ainda poucos turistas. Afinal de contas, não é nada fácil chegar até aqui.
A aldeia está rodeada por serras de encostas muito altas, com castanheiros e vegetação densa. Lá em cima, no topo das montanhas, ficam os famosos Penedos de Gois. Em baixo fica a aldeia, protegida por toda a sua envolvência.
Existe uma ribeira de águas cristalinas onde se pode refrescar no Verão. Por aqui também passa um percurso pedestre que liga a Pena às outras aldeias de xisto do concelho de Gois. Mas o que não pode mesmo perder, é um passeio pelas suas ruas. No geral, as casas foram recuperadas com bom gosto. As janelas estão decoradas com flores e o chafariz proporciona água fresca. Um passeio a não perder!
3. Candal
Aninhada numa encosta da Serra da Lousã e nas margens da Ribeira de São João, Candal é uma das aldeias de xisto da região que recebe mais visitantes. A razão é simples: está bem servida de acessos, ficando mesmo junto à estrada nacional que liga Lousã a Castanheira de Pera.
O chafariz da aldeia convida-o a iniciar o passeio pelo Candal, de baixo para cima, até ao miradouro. O lagar de azeite, os moinhos de água, a represa e a antiga escola primária são outras das atrações. Lá em cima, no miradouro, a vista faz-nos esquecer o esforço da subida.
Como não poderia deixar de ser, as ruas são calcetadas em xisto, íngremes, sinuosas e labirínticas. Também sejam elas o maior encanto desta aldeia. Por isso mesmo, perca-se a percorrê-las com calma, apreciando cada pequeno pormenor. Não vá embora sem provar a gastronomia local. E quando for, siga pela mesma estrada até ao famoso baloiço do Trevim.
4. Sobral de São Miguel
A aldeia de Sobral de São Miguel, também chamada de “coração do xisto”, encontra-se na serra do Açor, no concelho da Covilhã, e é um dos maiores aglomerados de casas construídas neste material em Portugal. As aldeias de xisto da Serra do Açor são únicas e irrepetíveis, cada uma diferente das outras mas todas com muito encanto.
Esta é uma das “aldeias brancas” das Aldeias do Xisto, já que, apesar de a construção usar este material, as fachadas se encontram rebocadas e pintadas de branco, criando assim um contraste único com a paisagem envolvente. É uma experiência diferente mas, que mesmo assim, consegue deslumbrar os turistas que visitam a aldeia de Sobral de São Miguel.
5. Ferraria de São João
A aldeia de Ferraria de São João associa a sua ruralidade ao turismo, muito ativo por estas bandas. Tem diversas características distintivas, como os currais tradicionais, um sobreiral, um Caminho do Xisto, um Centro de BTT e um FunTrail para as crianças, para além dos diversos caminhos que daqui partem. O material que mais sobressai na aldeia é o quartzito, apesar de algumas fachadas estarem rebocadas e pintadas de branco.
6. Fajão
Localizada na pitoresca serra do Açor, sobre a nascente do rio Ceira, e encastrada entre penedos de quartzito, encontramos Fajão, uma das Aldeias do Xisto e autêntico viveiro de cultura no interior de Portugal. As casas típicas feitas em xisto, com portas de madeira e telhados de lousa são o grande atrativo da aldeia.
Fajão pode ser uma pequena povoação pitoresca de Pampilhosa da Serra, mas tem até um museu próprio, onde pode ver algumas xilogravuras, aguarelas e objetos históricos que pertenceram à aldeia, como o seu primeiro telefone público. O espólio deste museu é a prova viva do amor dos seus habitantes pela sua terra.