Infelizmente, o número de aldeias abandonadas em Portugal tem aumentado a cada ano. Apesar dos inúmeros projectos de recuperação para turismo rural que se vão fazendo aos poucos, as aldeias abandonadas persistem em manter-se.
O fenómeno verifica-se sobretudo no interior do país: Trás-os-Montes, Alentejo e Beiras. Mas também é possível encontrar aldeias desabitadas no Algarve, no Gerês e até perto de Lisboa.
Há, no entanto, quem esteja a vender aldeias abandonadas com a intenção de depois serem recuperadas em projectos de turismo rural, algo que pode ser uma boa aposta para recuperar o nosso património e manter vivas as nossas tradições. Muitas destas aldeias são preciosidades cheias de histórias para descobrir. Encante-se com 7 aldeias abandonadas que merecem a sua visita.
1. Anta (Lamego)
Perto de Lazarim, no concelho de Lamego, fica a aldeia abandonada de Anta. Já ninguém vive aqui mas os antigos proprietários ainda regressam para cultivar as terras e pastorear o gado.
A zona é de difícil acesso, o que pode explicar o desaparecimento dos seus habitantes. Para aqui chegar é preciso percorrer vários quilómetros de um caminho de terra batida, nem sempre nas melhores condições.
Nas redondezas proliferam agora as torres de energia eólica. São elas que dominam uma paisagem onde outrora deambulavam pessoas nos seus afazeres diários, quase sempre ligados à agricultura.
A região tem muito para descobrir e Anta pode mesmo ser o centro para fazer essa descoberta. Por isso mesmo, existe entre os antigos habitantes a secreta esperança que a aldeia possa ser recuperada e transformada em turismo rural.
2. Levadas (Castro Daire)
A aldeia de Levadas é uma daquelas típicas aldeias de xisto que tem a capacidade de nos encantar a partir do primeiro momento em que a avistamos. Está localizada na Serra de Montemuro e pertence à freguesia de Cabril.
As suas aldeias de xisto, simples e modestas, estão hoje a cair aos bocados, à espera que alguém se encante por elas e as salve da ruína. Os seus últimos habitantes partiram há mais de 10 anos.
Desde então, é o silêncio que reina na aldeia, ocasionalmente interrompido por quem faz o trilho PR7 CDR, que por aqui passa. E diz quem conhece a aldeia que é difícil não se apaixonar por ela, pelos seus socalcos e pelo contraste entre o cinzento das casas e o verde da paisagem circundante.
3. Drave (Arouca)
Drave é, talvez, uma das mais especiais aldeias abandonadas de Portugal. Encaixada entre a Serra da Freita e a Serra de São Macário, esta aldeia deslumbra facilmente quem a visita. E não é por acaso.
É impossível chegar até aqui de carro e uma das melhores opções é seguir um trilho que parte de uma aldeia vizinha, o PR14 ARC. O caminho é exigente mas a chegada compensa: uma paisagem deslumbrante e uma pequena lagoa onde se pode refrescar.
Drave foi “redescoberta” pelos escuteiros, que fizeram dela uma das suas bases nacionais. Não se pode falar, portanto, de uma aldeia abandonada, tal é a quantidade de gente que recebe durante quase todas as alturas do ano.
4. Safira (Montemor-o-Novo)
Safira é um pequeno tesouro à espera de ser descoberto. Esta aldeia desabitada, localizada entre Montemor-o-Novo e Vendas Novas, chegou a ter quase 600 habitantes. Hoje tem apenas ruínas.
Os últimos habitantes partiram há quase 100 anos, em 1930. Mudaram-se, na sua maioria para as aldeias vizinhas. Numa época em que não abundavam estradas, Safira era uma aldeia bastante isolada do resto das povoações do concelho.
Dois edifícios sobressaem dos restantes: a velha igreja e o cemitério. Apesar de já quase só restarem as paredes, são eles que vão mantendo um pouco da memória de Safira.
Este é um daqueles locais perfeitos para passar uma tarde em família ou com amigos. A melhor altura é a Primavera, quando o monte está verdejante e a pequena lagoa tem bastante água. Leve merenda para o piquenique e dedique-se a imaginar como seria a vida nesta aldeia há 200 anos.
5. Catarredor (Lousã)
Catarredor é uma aldeia abandonada na Serra da Lousã. Ou melhor… quase abandonada. Nos últimos anos, as aldeias desabitadas da região foram descobertas por habitantes de outros países europeus, que compraram algumas das casas e as recuperaram. Catarredor não foi excepção.
Vieram em procura de uma nova vida, mais calma e saudável e em comunhão com a natureza e, em alguns casos, foram eles que iniciaram a recuperação destas aldeias.
Atravessada por vários trilhos pedestres, Catarredor localiza-se numa altitude elevada e os miradouros naturais são vários. A partir deles, é possível contemplar várias vertentes da Serra da Lousã.
6. Broas (Mafra)
Aldeias abandonadas perto de Lisboa? Por estranho que possa parecer, é possível. Broas faz parte do concelho de Mafra. Pensa-se que o último habitante abandonou a aldeia nos anos 60 do século passado.
A aldeia nunca foi muito grande. No máximo, terá tido 25 habitantes distribuídos por 9 casas. As razões pelas quais abandonaram a aldeia podem ser fáceis de explicar: fracos acessos, agricultura pouco rentável e inexistência de qualquer serviço ou comércio. Em Broas não existiu sequer uma igreja, algo raro mesmo nas aldeias portuguesas mais pequenas.
Hoje em dia, Broas é visitada por curiosos e por fãs de caminhadas ao ar livre. A natureza circundante é rica e diversificada. E apreciar essa mesma natureza a apoderar-se dos poucos edifícios da aldeia é outro pormenor digno de registo.
7. Val de Poldros (Monção)
Val de Poldros é um daqueles segredos que foram descobertos nos últimos anos. A aldeia não está propriamente desabitada… tem apenas 1 habitante! E para falar a verdade… nem sequer é bem uma aldeia… é uma “branda”. Mas o que significa tudo isto?
Uma branda é o local onde os pastores guardavam o gado durante o Verão. Era aqui que encontravam pastagens melhores durante esta época. A aldeia está repleta, portanto, de abrigos para o gado.
Com o evoluir dos tempos e da agricultura, a grande maioria das brandas foi abandonada, tal como Val de Poldros. Resiste apenas 1 habitante e os muitos turistas que aqui acorrem para conhecer a região. E acredite: o passeio vale bem a pena.