A aldeia vinhateira de Salzedas é uma das mais antigas da região do Rio Douro. A sua origem remonta ao século XII, quando aqui foi construído o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas. A povoação viria a crescer em seu redor e esteve sempre intimamente ligada à vida desta instituição religiosa.
Localizada no concelho de Tabuaço, na margem sul do Rio Douro, é já uma aldeia de transição entre os vinhedos da região vinícola e a agricultura de subsistência das beiras. Graças aos monges de Cister que habitavam o mosteiro, a agricultura desenvolveu-se em Salzedas e aqui eram (e ainda são) produzidos cereais, frutos e azeites de elevada qualidade.
Por isso mesmo, apesar de ter o estatuto de Aldeia Vinhateira do Douro, Salzedas é um caso peculiar. A sua vida não gira totalmente em torno da produção do vinho do Porto, tal como Provesende ou Favaios, por exemplo. Mais do que ligada ao vinho, Salzedas esteve sempre ligada ao seu mosteiro.
Mandado erigir por Dona Teresa Afonso, esposa de Egas Moniz, o famoso aio de D. Afonso Henriques, o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas albergou os monges da Ordem de Cister, conhecidos pela sua ligação à terra e à agricultura. No seu tempo, este era um dos maiores mosteiros cistercienses de Portugal.
Os monges ficaram encarregues de cultivar e povoar as terras em redor do Mosteiro. Cultivar não era problema para eles. Povoar era mais complicado… Mas criaram as condições para atrair um número considerável de habitantes, que fez de Salzedas uma das povoações mais importantes da região naquela época.
Os habitantes chegaram e a aldeia cresceu. E com eles chegou também uma comunidade considerável de judeus, que aqui se instalaram. A aldeia possui uma pequena judiaria, já pouco percetível, mas onde ainda é possível observar alguns vestígios da presença judaica. Tal como todos os judeus portugueses, acabariam por se converter ou fugir para outras paragens.
Com o fim das ordens religiosas, o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas fecha as suas portas e é transformado em igreja paroquial, perdendo a sua importância. O seu fim ditou não só a decadência do edifício como também a queda no número de habitantes da aldeia, algo do qual nunca mais recuperou.
Hoje, o mosteiro alberga um museu e o seu espólio conta com obras de arte de pintores importantes como Grão Vasco, por exemplo. Embora não tenha a imponência de outrora nem faça girar a vida de Salzedas à sua volta, este espaço continua a ser a principal referência da aldeia e o seu grande motivo de interesse.
A melhor forma de descobrir Salzedas é caminhando pelos seus becos e ruelas. As ruas convidam a um passeio com calma e sem pressas. Para além do mosteiro e da judiaria, existem ainda algumas igrejas, capelas e até uma ponte românica. Para terminar em beleza, opte por apreciar a paisagem a partir do miradouro de Santa Bárbara.
Existem muitos outros locais de interesse para visitar nos arredores de Salzedas. Uma outra aldeia vinhateira fica bem perto: Ucanha. A sua torre e a sua ponte medieval, uma das mais bonitas do país, são os grandes postais desta pequena aldeia de 400 habitantes.
Outra opção de passeio é Lamego e o seu famoso Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. Subir as escadas do santuário e olhar para a paisagem que o rodeia é uma experiência única. E por falar em paisagens, são também vários os miradouros que pode visitar nas redondezas. Um dos mais próximos é o miradouro de São Domingos.
Se ficou com curiosidade por conhecer outras aldeias do Douro Vinhateiro, recomenda-se uma visita até Provesende, Barcos, São Xisto ou Favaios, por exemplo. Em qualquer uma delas irá encontrar uma comunidade cujas tradições estão fortemente ligadas à produção do famoso Vinho do Porto.
E no final da sua visita a Salzedas, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Além de ajudar o comércio local, irá também contribuir para que os seus habitantes possam continuar a viver aqui e a recebê-lo sempre de braços abertos.