Esta é uma daquelas localidades portuguesas que toda a gente deveria visitar pelo menos uma vez na vida. Folgosinho, no concelho de Gouveia, não é apenas uma das mais bonitas aldeias da Serra da Estrela. É também uma das mais carismáticas e mais pitorescas. Além disso, está repleta de património e de lendas (que vão desde Viriato a Afonso Henriques).
Os séculos de isolamento a que esteve sujeita moldaram a aldeia e a sua população. E apesar de hoje já ter chegado a modernidade, continuam a poder ver-se, por vezes, os rebanhos a ir para os pastos ou as mulheres a ir buscar água às fontes. Folgosinho soube evoluir preservando o que tem de mais genuíno e especial.
As suas fontes de água são, aliás, um dos maiores atrativos da aldeia. São feitas em pedra e decoradas com azulejos com versos sobre a água da aldeia. Partir à descoberta delas é uma ótima desculpa para caminhar pelos becos e ruelas de Folgosinho e parar em cada fonte para se refrescar com um pouco da sua água.
E enquanto percorre as suas ruas, irá encontrar também outros dos seus pontos de interesse: o pelourinho, a igreja matriz e o castelo. O castelo de Folgosinho é um caso raro entre os castelos portugueses: foi reconstruído totalmente já no século XX, num local onde existiam vestígios de uma fortificação medieval.
Também no local onde hoje se ergue o castelo de Folgosinho existiam vestígios de um antigo castro lusitano. A sua localização não surpreende, dada a ótima posição defensiva e o bom acesso a água. A história e as lendas de Folgosinho estão muito ligadas aos lusitanos e a Viriato, o seu mais famoso líder.
São várias as povoações da Serra da Estrela que reclamam para si a origem ou o local de nascimento de Viriato. Mas é em Folgosinho onde essa tradição é mais forte. A convicção é tão grande que existe mesmo uma casa à entrada da aldeia onde se acredita que terá vivido o herói lusitano.
E reza a lenda que, século mais tarde, por aqui acampou D. Afonso Henriques, atraído pelo ar puro da aldeia, pelas águas das suas fontes e por uma estranha donzela, que lhes teria indicado o caminho até Folgosinho e dito que era a terra do antigo herói da Lusitânia na luta contra os romanos.
Toda esta riqueza histórica está bem presente nas ruas e nas casas da aldeia. Por todo o lado é possível apreciar detalhes que nos transportam para outros tempos e para as épicas batalhas de Viriato, de D. Afonso Henriques e dos homens aguerridos da Serra da Estrela. Mas também há muito mais para ver nos arredores de Folgosinho.
Nas redondezas, o grande destaque vai para a aldeia histórica de Linhares da Beira, que fica a apenas 20 minutos de distância. Recomenda-se um passeio pelas suas ruas íngremes e sinuosas até chegar ao seu castelo, de onde é possível vislumbrar um impressionante panorama sobre o vale do Mondego.
Um pouco mais afastadas (30 a 40 minutos de carro) estão Videmonte e Sabugueiro que, tal como Folgosinho, são aldeias de Montanha. São ótimos locais para experienciar o mais típico e genuíno da Serra da Estrela, das suas tradições e das suas gentes. E se visitar Videmonte no Verão, aproveite para dar um mergulho na sua praia fluvial.
É também na estrada que liga Folgosinho a Videmonte que se pode encontrar o novíssimo Baloiço do Faraó. É um dos mais recentes baloiços de Portugal e constitui um miradouro natural para toda a paisagem que o rodeia. Deve o seu nome devido ao facto de estar localizado perto de uma rocha que se parece a uma cabeça de faraó.
Uma visita a Folgosinho não poderia ficar completa sem provar a famosa gastronomia da terra. O restaurante mais famoso é, sem dúvida, o Albertino. Aqui pode provar cabrito, borrego, arroz de cabidela, feijoada de javali, queijo serra da estrela, requeijão com doce de abóbora, arroz doce feito com leite de ovelha e filhoses, entre outras iguarias.
Folgosinho representa o melhor que a Serra da Estrela tem para oferecer: o seu ar puro, a sua água cristalina, a sua ótima gastronomia e, sobretudo, a amabilidade das suas gentes. Visitar esta aldeia é vivenciar o mais típico e genuíno que Portugal tem.
E no fim da sua visita a Folgosinho, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Além de ajudar o comércio local, irá também contribuir para que os seus habitantes possam continuar a viver aqui e a recebê-lo sempre de braços abertos.