Tem o nome de Marialva e situa-se no concelho de Mêda. Esta zona tem a capacidade de nos levar à ancestralidade marcante da nossa história e constitui-se como uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal. É imponente pelo seu perímetro de muralhas que atualmente ainda se consegue vislumbrar com muita clareza ao longe, mantendo as suas torres caraterísticas.
É um local de tradições, onde se pode retirar uma grande aprendizagem histórica relacionada com o nosso país, derivado de vários aspetos. Um deles é sem dúvida a localização próxima da fronteira, mas existe igualmente um legado muito importante que vem do tempo da época romana, quando ainda se chamava Civitas Aravorum.
Marialva apenas se tornou património nacional no ano de 1179, proeza do primeiro Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques. Por sua ordem, Marialva foi repovoada algo que se justifica muito em particular pela sua localização estratégica a nível de fronteira. Esta caraterística ainda hoje bem evidenciada pelo seu castelo, colocava a zona como decisiva para a proteção territorial.
Aqui se foram mantendo atividades intensas graças às feiras realizadas até finais do séc. XVIII. Dos reis que tiveram marcada influência nesta zona destacam-se D. Sancho I, que em 1200 mandou reconstruir e restaurar o castelo e D. Dinis que o ampliou.
De ressalvar a importância de Marialva no século XIII onde obteve do rei o direito comercial, que a levou a ter uma feira e medidas próprias, pelas quais os visitantes tinham de reger-se. Tal feira, realizada todos os meses, atraiu a fixação de muitos judeus, a partir do século XIII, levando à criação de uma judiaria.
Embora tenha sido um local pujante a nível de povoamento, por volta do século XVII Marialva começou um processo de declínio e desertificação. Nos dias de hoje, apresenta poucas dezenas de habitantes.
Contudo, continua a decorrer em maio o Mercado Medieval organizado pelo Município de Mêda. O castelo é o local principal para a exibição destes espectáculos, que duram três dias num ambiente medieval. Representam-se neste mercado artes e ofícios da Idade Média, não faltando mercadores com produtos da região.
De qualquer modo, em Marialva vale a pena percorrer o cenário histórico, bem como as ruas, ladeadas por edifícios que resistem ao passar do tempo, e nos conduzem à cidadela cercada pelas resilientes muralhas.
Pelas regalias dadas aos judeus ao longo do tempo, no sentido de que contribuíssem para o povoamento da cidade existem também algumas marcas de destaque, nomeadamente construções típicas com a presença de duas portas: uma larga para comércio e outra estreita para a casa.
Do antigo castelo apenas subsistem algumas partes da muralha e as torres defensivas, pelo que é de destacar a Cidadela, que é a vila que existia no interior do castelo, atualmente despovoada; o Arrabalde, que se prolonga para além de muralhas com uma malha urbana predominantemente medieval, onde são notórias igrejas, capelas, casas quinhentistas e senhoriais e ainda habitações rurais com caraterísticas típicas da casa beirã.
É de referir que as origens do povoamento deste local não são fáceis de estabelecer, pois os dados arqueológicos não abundam. Contudo, e nos tempos atuais vale destacar que em Marialva resiste uma população hospitaleira marcada pela autenticidade das rugas no rosto, que ajudam a tornar esta zona uma das aldeias e freguesias do concelho de Mêda mais marcantes a nível de passado histórico.
O que visitar perto de Marialva?
Para além de Marialva, destacam-se outros locais do concelho de Mêda, como por exemplo a Torre do Relógio localizada num monte granítico do castelo de Mêda. Este edifício data do século XIX e encontra-se em bom estado de conservação.
Vale também destacar o Parque Arqueológico do Vale do Côa onde se concentram algumas gravuras em pedra representativas de arte rupestre, com idade compreendida entre 10000 a 20000 a.C. sensivelmente.
Trata-se do maior achado de arte rupestre ao ar livre conhecido e está na área de abrangência dos Concelhos de Mêda, mas igualmente de Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Nova de Foz Côa. É precisamente ao longo das margens do Rio Côa que se situa este sítio de arte rupestre.
Por este motivo pode também sugerir-se uma visita aos concelhos mencionados, destacando-se igualmente um pouco das atrações que podem ser encontradas em tais locais.
Assim, em Pinhel, e a nível de arquitetura militar sugere-se também visita ao seu castelo. No que respeita à arquitectura civil e por ser um local de rara beleza envolvente sugerimos uma incursão à barragem do Vascoveiro.
No caso de Figueira de Castelo Rodrigo a albufeira de Santa Maria de Aguiar é um local de destaque a nível de lazer, em áreas como a avifauna, desportos náuticos e pesca desportiva.
Em Vila Nova de Foz Côa sugere-se o passeio no Douro, embora a oferta turística na região seja diversificada com sugestões em áreas tão diversas como Património histórico edificado, Cais fluvial para a prática desportiva ou a Festa das amendoeiras em flor.
Quem foi o mais famoso Marquês de Marialva?
Relativamente à personagem boémia e sedutora, esta advém do quarto Marquês de Marialva – D. Pedro Noronha Coutinho, exímio cavaleiro. Antes, e para resumidamente dar conta da senda, faz sentido referir que teve início em 1440 por iniciativa do rei D. Afonso V que deu o título de Conde de Marialva a D. Vasco Coutinho, que se destacou nas campanhas militares do Norte de África.
Posteriormente, em 1675, D. Afonso VI fez de D. António Luís de Menezes o primeiro Marquês de Marialva, pelo seu papel decisivo na Revolução de 1640. Contudo, a fama da personagem Marquês de Marialva, que hoje em dia dá à expressão a conotação de bom vivant, vem mesmo do homem sedutor e boémio, que foi o quarto Marquês.
De destacar que este teve um papel decisivo no aperfeiçoamento da arte equestre em Portugal na segunda metade do século XVII, mas que ficou ainda mais afamado por ser um notório boémio e fadista frequentador das tertúlias de Lisboa.