Considerada por muitos como um dos locais mais bonitos de Portugal, A Mata da Margaraça destaca-se pelas atividades que proporciona a toda a família, como as caminhadas propícias a miúdos e graúdos. A comunhão com a natureza neste local é reconfortante e relaxante, com a possibilidade de desenvolver trilhos num espaço muito bem ordenado e de aproveitar os sons que a natureza oferece.
Está classificada como uma Reserva Natural e Reserva Biogenética pelo Conselho da Europa, o que contribui para a Mata da Margaraça ser um dos locais melhor preservados de floresta primitiva existente no nosso país, que neste caso serve de coberto para zonas profundamente marcadas pela presença de uma rocha metamórfica de grande identidade nesta zona do país, o xisto.
Não devemos deixar passar esta oportunidade sem reforçar a importância desta zona ser classificada como reserva biogenética. Efetivamente, este conceito tem a ver com o facto de se tratar de uma área protegida com níveis de organização biológica, que vão das espécies aos ecossistemas, passando por populações e comunidades com características únicas. Tal facto justifica, por si só, a importância desta mata.
Também a actividade agrícola marca presença nesta zona, sendo possível observar um moinho de rodízio horizontal junto à ribeira, assim como uma antiga represa e levada de água. Contudo, não é claramente essa a actividade actual, sendo pelo contrário possível de verificar o abandono dos terrenos, com a floresta a recuperar naturalmente a sua identidade.
São já muito antigos os registos com referências à Mata da Margaraça, que está totalmente documentada desde a segunda metade do séc. XIII. Daqui sabe-se que saiu, por exemplo, madeira para o retábulo da Igreja da Sé Nova em Coimbra e para a construção de uma antiga ponte sobre o Mondego igualmente em Coimbra. No que se refere ao património cultural português também foi da Mata da Margaraça que saiu madeira para a construção do Convento de Santo António em Vila Cova de Alva.
Tendo sido atribuída a entidades monárquicas e mesmo com ligações religiosas ao longo dos séculos, foi apenas no séc. XIX que passou a estar incluída na lista de “bens nacionais”. Contudo, em finais do mesmo século foi adquirida por particulares, entrando na posse do Estado em 1985.
Retomada a referência às espécies que por aqui se podem encontrar, devem salientar-se os carvalhos, castanheiros, azevinhos, ulmeiros, nogueiras e cerejeiras, que dão um plácido encanto bucólico a passeios efetuados neste local. Estas incursões merecem igualmente destaque pela possibilidade de visita atenta ao pequeno núcleo museológico da Casa da Eira, um verdadeiro encanto.
Estamos portanto perante um dos locais que atualmente é considerado como uma das mais notáveis florestas de folha caduca existentes em Portugal, que se desenvolve numa encosta entre os 600 e os 850 metros de altitude, com tesouros raros e de grande valor natural e patrimonial. Desse podemos destacar vários, entre os quais várias espécies de orquídeas, algumas delas bastante raras, que se abrigam nesta mata.
Vale a pena pesquisar um pouco mais sobre estas plantas, que são uma das espécies mais adotadas em todo o mundo para dar beleza a espaços naturais. Na natureza as orquídeas podem desenvolver-se associadas a árvores, embora isso não signifique uma relação de parasitismo, mas antes uma forma de obterem luz. São designadas por plantas epífitas, ou seja, utilizam outras árvores apenas como suporte e não para obter nutrientes.
O património natural tem aqui um encanto, de facto extraordinário, já que a Mata da Margaraça se insere numa serra que se apresenta no seu estado natural e muito bem conservada. O estado selvagem onde é possível identificar algumas espécies é disso exemplo, tornando claro que se está perante uma situação pouco explorada, que guardou para o nosso olhar raridades daquilo que é difícil observar, mas, ao mesmo tempo, deslumbrante pela paz e calma que transmite.
Verdadeiramente deve registar-se que são muitas as atrações nesta zona, podendo destacar-se, por exemplo, a praia fluvial de Côja e a Fraga da Pena. Locais, que por si só, merecem uma visita personalizada e propositada.
Na Mata da Margaraça pode entrar-se gratuitamente, sendo que no seu interior existem 5 percursos pedestres, que possibilitam conhecer ao pormenor toda esta área protegida. A entidade reguladora, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, tem disponível um serviço pago para visitas guiadas.
Regista-se que a visita é interessante durante todo o ano, mas na Primavera e no Outono encontrará um esplendor de cor verdadeiramente digno de registo. Na sequência do que já referimos anteriormente, vale a pena uma referência a um local ímpar que está umbilicalmente ligado à Mata da Margaraça: a Fraga da Pena.
Fraga da Pena: a grande atração da Mata da Margaraça
Para os amantes de percursos e trilhos na natureza, sugere-se a caminhada que vai da Fraga da Pena a Pardieiros. É uma extensão de 2,5 km, onde apreciará a natureza da Serra do Açor e, em particular da Mata da Margaraça. A cascata da Fraga da Pena situa-se a poucos quilómetros da mata da Margaraça, sendo uma das mais belas de Portugal. Para além da sucessão de quedas de água encontrará uma piscina natural onde a água é límpida, cristalina, mas também gelada, pelo que banhos só no Verão. E, mesmo assim, com a certeza de que a temperatura vai ser muito próxima de estações frias!
O cenário é adequado a um postal, e de simbiose perfeita com a natureza, mas fica o conselho para que se desloque com roupa confortável, vontade de fotografar e convicção de que encontrará um dos locais mais paradisíacos de Portugal. A ideia de um dia bem passado pode estar toda por aqui, já que o local convida a estender a toalha e aproveitar para um pic nic. Se for com tempo, deixamos a sugestão para que aproveite as verdadeiras preciosidades gastronómicas que existem pelas redondezas. Cabrito, Chanfana e Broas de batata são apenas algumas das opções.