Já quase não existem locais assim no Algarve. Mas a pequena aldeia de Querença parece querer resistir, com todas as suas energias, contra o turismo de massas que caracteriza a região sul do país. Alheia a todo o corropio que acontece sempre que chega o Verão, esta típica aldeia algarvia conserva ainda um ambiente pacato e tradicional.
Localizada em Loulé, Querença é uma das aldeias mais pitorescas do Algarve. Situa-se no alto de um pequeno monte, na transição entre o barrocal e a serra. As suas casas, caiadas de branco, descem ao longo da encosta. No topo da aldeia fica o mais icónico dos seus monumentos: a Igreja Matriz.
A zona é fértil e a aldeia está rodeada de água e nascentes, um bem precioso e escasso no Algarve. Esta abundância de água foi sempre preponderante na fixação da população e também na cultura e nas tradições dos habitantes. E isso nota-se não apenas na agricultura mas também na sua gastronomia.
É que Querença conserva ainda a mais tradicional gastronomia algarvia. Quem aqui chega, não pode deixar de provar a famosa galinha cerejada, o Xerém ou o galo de cabidela. Para além da culinária mediterrânica, abundam ainda os pratos de javali e de coelho, sinal que já estamos perto da serra algarvia.
Os licores são outro dos grandes destaques, existindo cerca de 16 variedades diferentes, sendo o licor de medronho o mais famoso. O mel, proveniente dos campos de flores da região, é outro dos produtos regionais. E para rematar em beleza, não deixe de provar os seus enchidos, com destaque para o chouriço.
Mas Querença não vive apenas de gastronomia. Vive sobretudo do facto de ser uma aldeia que ainda conserva aquilo que o Algarve tem de mais genuíno, algo cada vez mais raro de encontrar. Por isso mesmo, a melhor forma de a descobrir é caminhando pelos seus becos e ruelas e apreciar cada pequeno detalhe.
E um passeio pela aldeia irá fazer com que perceba a íntima relação de Querença com a água. Essa relação é ainda mais intensa quando se visita a Paisagem Protegida da Fonte da Benémola, localizada bem perto da aldeia. Trata-se de um local onde a água corre durante todo o ano, ao contrário da maioria dos outros locais do Algarve.
A abundância de água cria as condições ideais para a habitabilidade de diversas espécies de fauna e flora. É possível chegar até à Fonte da Benémola através de um trilho oficial que tem início em Querença e com 4.5 quilómetros. O trilho é circular, de dificuldade fácil e apto para toda a família.
Se tiver vários dias disponíveis, é possível fazer desta aldeia o seu centro para explorar a região circundante. Desde logo, pode começar pela aldeia vizinha de Tôr e ver a sua pequena ponte romana, que ligava Estói a Salir.
E por falar em Estoi, esta é outra das mais bonitas e típicas aldeias do Algarve. Fica bem perto e merece uma visita de pelo menos um dia, o suficiente para conhecer o casario, o Palácio de Estoi e as ruínas romanas de Milreu.
Outra possibilidade é visitar Alte, outra das mais típicas e bem conservadas aldeias do Algarve. Distingue-se pelo seu casario branco, pelas ruas e janelas enfeitadas com flores e pela sua belíssima praia fluvial, uma ótima alternativa para fugir das praias algarvias durante os meses do Verão.
Caso prefira algo mais movimentado, pode sempre dar um pulo até Loulé e apreciar o seu centro histórico. Existem ainda outras opções, como Vilamoura, Quarteira ou Albufeira, repletas de restaurantes, bares e praias de qualidade.
E no final da sua visita a Querença, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Além de ajudar o comércio local, irá também contribuir para que os seus habitantes possam continuar a viver aqui e a recebê-lo sempre de braços abertos.
Quando regressar a casa, irá perceber que acabou de descobrir um Algarve quase secreto, que conseguiu escapar ao turismo de massas e manter-se fiel a si próprio, às suas origens e às suas tradições. Afinal de contas… há muito mais para ver para além das praias.