Para lá do Marão, mandam os que lá estão! Não existe ninguém em Portugal que não conheça este ditado popular. Falamos, obviamente, de Trás-os-Montes, a terra mítica atrás das montanhas que sempre despertou fascínio e curiosidade em quem a visita. Berço de culturas milenares até idiomas que não são falados em mais lado nenhum, a região transmontana ainda tem segredos por descobrir.
Habituados a estar longe dos roteiros turísticos, os transmontanos souberam conservar o seu património, os seus monumentos, a sua cultura e as suas tradições. Só muito recentemente, com a abertura de autoestradas até Trás-os-Montes, é que a região se abriu para o mundo e começou a ser descoberta.
Mas ainda existe muito por conhecer neste que é o Reino Maravilhoso de Miguel Torga. Podem ser pequenas aldeias, parques naturais com cascatas ou montanhas repletas de recantos apenas conhecidos pelos seus habitantes. Descubra alguns dos locais mais belos e deslumbrantes de Trás-os-Montes.
1. Rio Poio
A aldeia de Alvadia é atravessada pelas águas do rio Poio, que foram usadas muitos anos para o funcionamento de moinhos e azenhas, alguns ainda visíveis em locais pouco acessíveis deste curso de água. É neste local que se situa a cascata Cai d’Alto, na freguesia de Cerva, em Ribeira de Pena, Vila Real.
Esta cascata tem cerca de 60 metros de altura e nasce junto da povoação de Lamas. O curso de água conflui numa lagoa, sendo que o local é muito usado na prática de desportos como a canoagem e canyoning. Não há outro local assim no coração de Trás-os-Montes.
2. Vilarinho de Negrões
Em Montalegre, existe uma aldeia de uma beleza inigualável e muito pitoresca, que parece crescer por sobre a água. Afinal, as casas estão praticamente rodeadas por água, o que lhe dá um aspeto único no nosso país.
Falamos da aldeia de Vilarinho de Negrões, um local que merece a sua visita mais demorada, para que possa conhecer as imediações, o património natural e arquitetónico e deliciar-se com as iguarias regionais. Aqui, conseguirá encontrar sossego e tranquilidade, perfeito quer seja para uma viagem sozinho quer em família.
3. Parque Natural de Montesinho
É no extremo de Trás-os-Montes que encontra um dos maiores parques naturais do nosso país, com uma área bastante extensa, e que conta com lindíssimas paisagens verdes e com aldeias encantadoras, como Gimonde, Montesinho e Rio de Onor.
A paisagem do alto da serra é absolutamente imperdível, seja no pico do calor ou no extremo do frio, clima tão típico da região. E, se gosta de animais, não deixe de visitar o Parque Biológico de Vinhais, onde pode observar diversas raças autóctones, como os burros de Miranda ou os porcos bísaros.
4. Rio de Onor
Do lado de Portugal, temos Rio de Onor. Do lado espanhol, Rihonor de Castilla. Ficou confuso? Não fica só nessa sensação, já que Saramago, quando por aqui passou, o ficou, descrevendo a experiência no livro Viagem a Portugal, de 1981: “Afinal de contas, onde está a fronteira? Como se chama este país, aqui? Ainda é Portugal? Já é Espanha? Ou é só Rio de Onor, e nada mais do que isso?”.
Rio de Onor é uma aldeia comunitária, o que significa que os habitantes partilham algumas coisas e se entreajudam. Partilham, por exemplo, o forno comunitário, existem terrenos agrícolas onde todos devem trabalhar, e um rebanho que pasta nestes terrenos. No entanto, hoje em dia, este estilo de vida comunitário já não é tão praticado, já que os habitantes têm uma idade mais avançada.
5. Lagos do Sabor
Em Trás-os-Montes, ao longo de uma extensão de 70 km, existe uma série de lagos ligados entre si por gargantas e penhascos, que formam um santuário de vida selvagem e que oferecem aos visitantes paisagens de cortar a respiração. Falamos dos lagos do Sabor, que unem os concelhos de Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Torre de Moncorvo.
Estes lagos nasceram com a construção da barragem do Baixo Sabor, o que alterou a afluência da água e levou a uma mudança de cenário. Foi assim que o Sabor perdeu o título de “último rio selvagem de Portugal”, embora o rio não tenha deixado de ser arisco.
6. Mosteiro de Pitões das Júnias
É difícil imaginar um outro local com tanto misticismo como o Mosteiro de Pitões das Júnias, no Gerês. Trata-se de um local totalmente isolado do mundo exterior onde os monges viviam em recolhimento e dependentes apenas de si próprios e daquilo que a terra lhes dava. Na época em que foi construído, era o local perfeito para viver uma vida dedicada apenas à religião.
Não se sabe ao certo quando foi construído, mas sabe-se que é mais antigo do que a própria fundação de Portugal. Acredita-se que os primeiros eremitas estabeleceram-se neste local ainda no século IX, embora alguns estudiosos apontem a data de 1147 como o ano de construção do mosteiro. A única certeza, obtida através de documentos oficiais, é que já existia em 1247.