Para lá do Marão, mandam os que lá estão! Não existe ninguém em Portugal que não conheça este ditado popular. Falamos, obviamente, de Trás-os-Montes, a terra mítica atrás das montanhas que sempre despertou fascínio e curiosidade em quem a visita. Berço de culturas milenares até idiomas que não são falados em mais lado nenhum, a região transmontana ainda tem segredos por descobrir.
Habituados a estar longe dos roteiros turísticos, os transmontanos souberam conservar o seu património, os seus monumentos, a sua cultura e as suas tradições. Só muito recentemente, com a abertura de autoestradas até Trás-os-Montes, é que a região se abriu para o mundo e começou a ser descoberta.
Mas ainda existe muito por conhecer neste que é o Reino Maravilhoso de Miguel Torga. Podem ser pequenas aldeias, parques naturais com cascatas ou montanhas repletas de recantos apenas conhecidos pelos seus habitantes. Descubra alguns dos locais mais belos e deslumbrantes de Trás-os-Montes.
1. Rio Poio
![Rio Poio](https://outsider.pt/wp-content/uploads/2022/08/ezgif.com-gif-maker-54-min.jpg)
A aldeia de Alvadia é atravessada pelas águas do rio Poio, que foram usadas muitos anos para o funcionamento de moinhos e azenhas, alguns ainda visíveis em locais pouco acessíveis deste curso de água. É neste local que se situa a cascata Cai d’Alto, na freguesia de Cerva, em Ribeira de Pena, Vila Real.
Esta cascata tem cerca de 60 metros de altura e nasce junto da povoação de Lamas. O curso de água conflui numa lagoa, sendo que o local é muito usado na prática de desportos como a canoagem e canyoning. Não há outro local assim no coração de Trás-os-Montes.
2. Vilarinho de Negrões
![Vilarinho de Negrões](https://outsider.pt/wp-content/uploads/2022/09/1836816_836772183033836_3511775260599252449_o-1-1024x768.jpg)
Em Montalegre, existe uma aldeia de uma beleza inigualável e muito pitoresca, que parece crescer por sobre a água. Afinal, as casas estão praticamente rodeadas por água, o que lhe dá um aspeto único no nosso país.
Falamos da aldeia de Vilarinho de Negrões, um local que merece a sua visita mais demorada, para que possa conhecer as imediações, o património natural e arquitetónico e deliciar-se com as iguarias regionais. Aqui, conseguirá encontrar sossego e tranquilidade, perfeito quer seja para uma viagem sozinho quer em família.
3. Parque Natural de Montesinho
![Parque Natural de Montesinho](https://outsider.pt/wp-content/uploads/2023/08/10630573_968987983145588_3150780360732685485_o-1024x768-1.jpg)
É no extremo de Trás-os-Montes que encontra um dos maiores parques naturais do nosso país, com uma área bastante extensa, e que conta com lindíssimas paisagens verdes e com aldeias encantadoras, como Gimonde, Montesinho e Rio de Onor.
A paisagem do alto da serra é absolutamente imperdível, seja no pico do calor ou no extremo do frio, clima tão típico da região. E, se gosta de animais, não deixe de visitar o Parque Biológico de Vinhais, onde pode observar diversas raças autóctones, como os burros de Miranda ou os porcos bísaros.
4. Rio de Onor
![Rio de Onor](https://outsider.pt/wp-content/uploads/2022/09/paulo.j.t.mateus_CTu6jrwsIxi-e1636630971793-819x1024.jpg)
Do lado de Portugal, temos Rio de Onor. Do lado espanhol, Rihonor de Castilla. Ficou confuso? Não fica só nessa sensação, já que Saramago, quando por aqui passou, o ficou, descrevendo a experiência no livro Viagem a Portugal, de 1981: “Afinal de contas, onde está a fronteira? Como se chama este país, aqui? Ainda é Portugal? Já é Espanha? Ou é só Rio de Onor, e nada mais do que isso?”.
Rio de Onor é uma aldeia comunitária, o que significa que os habitantes partilham algumas coisas e se entreajudam. Partilham, por exemplo, o forno comunitário, existem terrenos agrícolas onde todos devem trabalhar, e um rebanho que pasta nestes terrenos. No entanto, hoje em dia, este estilo de vida comunitário já não é tão praticado, já que os habitantes têm uma idade mais avançada.
5. Lagos do Sabor
![Lagos do Sabor](https://outsider.pt/wp-content/uploads/2022/10/JRDSC_0355-1024x685-1.jpg)
Em Trás-os-Montes, ao longo de uma extensão de 70 km, existe uma série de lagos ligados entre si por gargantas e penhascos, que formam um santuário de vida selvagem e que oferecem aos visitantes paisagens de cortar a respiração. Falamos dos lagos do Sabor, que unem os concelhos de Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Torre de Moncorvo.
Estes lagos nasceram com a construção da barragem do Baixo Sabor, o que alterou a afluência da água e levou a uma mudança de cenário. Foi assim que o Sabor perdeu o título de “último rio selvagem de Portugal”, embora o rio não tenha deixado de ser arisco.
6. Mosteiro de Pitões das Júnias
![Mosteiro de Pitões das Júnias](https://outsider.pt/wp-content/uploads/2022/10/mmaroundtheworld2010_CSBvunQMSKg-1024x1024-1-1024x1024.jpg)
É difícil imaginar um outro local com tanto misticismo como o Mosteiro de Pitões das Júnias, no Gerês. Trata-se de um local totalmente isolado do mundo exterior onde os monges viviam em recolhimento e dependentes apenas de si próprios e daquilo que a terra lhes dava. Na época em que foi construído, era o local perfeito para viver uma vida dedicada apenas à religião.
Não se sabe ao certo quando foi construído, mas sabe-se que é mais antigo do que a própria fundação de Portugal. Acredita-se que os primeiros eremitas estabeleceram-se neste local ainda no século IX, embora alguns estudiosos apontem a data de 1147 como o ano de construção do mosteiro. A única certeza, obtida através de documentos oficiais, é que já existia em 1247.