Localizada na encosta norte da Serra da Gardunha, Alcaide é uma aldeia do concelho do Fundão repleta de história e rodeada de uma paisagem de causar inveja. A partir daqui é possível vislumbrar a Cova da Beira e a Serra da Estrela, enquanto se vive rodeado pelos pinheiros, castanheiros e cerejeiras da Gardunha: 3 locais que são ícones do Centro de Portugal.
A presença humana nesta região é longínqua. A aldeia terá sido habitada pelos visigodos mas foram os muçulmanos que lhe deram o nome. É que Alcaide significa governador, capitão ou chefe militar em árabe. No entanto, a aldeia como a conhecemos hoje foi fundada no final do século XII, sob o reinado de D. Sancho I.
Alcaide teve os seus tempos áureos e chegou a ser sede de concelho, entre 1515 e 1747. Desse tempo resta a Casa da Câmara, localizada no Largo da Praça. Embora modesta, ostenta um escudo manuelino quinhentista, o único em todo o distrito de Castelo Branco. Aliás, existem vários imóveis quinhentistas na aldeia, o que atesta a sua importância nessa época.
A melhor forma de explorar Alcaide é caminhando pelos seus becos e ruelas. É fácil encontrar os seus principais pontos de interesse: as igrejas, a capela, a torre sineira, a Casa da Câmara e a casa onde viveu João Franco, o filho mais famoso da terra, antigo ministro do rei D. Carlos I.
Um passeio atento permite ainda descobrir uma aldeia tipicamente beirã, com os seus balcões, as tradicionais varandas, os cunhais e as cimalhas, todos eles detalhes tradicionalmente rurais. As fontes de água são também uma presença constante e atestam bem a importância e a abundância deste elemento em Alcaide.
Mas Alcaide é conhecida, principalmente, pelo seu festival de cogumelos, que se realiza todos os anos em Novembro. O evento atrai milhares de pessoas à aldeia e transforma completamente esta pequena localidade durante alguns dias. E não é de estranhar: na Serra da Gardunha estão identificados mais de 300 tipos de cogumelos (nem todos comestíveis).
O festival anual dos “míscaros” é sempre um sucesso e convida os visitantes a conhecer a aldeia através das tradicionais “tasquinhas” criadas para o efeito e que se encontram espalhadas pelos becos e ruelas de Alcaide. É possível aprender a cozinhar cogumelos com chefs famosos e até a identificá-los corretamente em passeios pela Serra da Gardunha com especialistas.
A outra grande festividade de Alcaide é a festa de São Macário, que mobiliza todos os seus habitantes, orgulhosos em homenagear o padroeiro da aldeia. Realiza-se no terceiro fim-de-semana depois da Páscoa e os moradores revezam-se para transportar o andor até ao santuário de São Macário, um local com vistas incríveis para as redondezas.
Uma das melhores formas de descobrir Alcaide e a Serra da Gardunha é realizando um dos vários trilhos ou percursos pedestres que passam por esta região. Existem vários percursos sinalizados na serra, mas um dos mais emblemáticos é a Rota da Portela da Gardunha, um trilho circular com pouco mais de 10 quilómetros que começa e acaba em Alcaide, de dificuldade moderada.
Existem vários outros locais para explorar nos arredores de Alcaide. A região é conhecida por ter várias aldeias de montanha e aldeias históricas. Uma das visitas mais óbvias é a Alpedrinha e a Alcongosta que, tal como Alcaide, também fazem parte da rede de Aldeias de Montanha. Castelo Novo, uma Aldeia Histórica de Portugal, também fica bem perto e merece uma visita, sem dúvida.
Um pouco mais longe ficam as belíssimas aldeias históricas de Idanha-a-Velha e Monsanto. A primeira é a mais antiga deste grupo de aldeias e aqui viveram povos como os suevos, os visigodos, os árabes e os romanos. Quanto a Monsanto, a sua fama é mais do que merecida e trata-se de uma das aldeias mais bonitas de Portugal.
Para além de apreciar todos os detalhes típicos destas aldeias, tipicamente rurais mas repletas de histórias para contar, não se esqueça também de provar a maravilhosa gastronomia local. E se visitar a região durante a época da cereja, é quase um crime voltar para casa sem comprar alguns quilos.
E no final da sua visita a Alcaide, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Além de ajudar o comércio local, irá também contribuir para que os seus habitantes possam continuar a viver aqui e a recebê-lo sempre de braços abertos.