Em Portugal, podemos encontrar pontes, umas com milhares de anos, outras recentes, umas construídas sem grandes preocupações estéticas, e outros autênticos prodígios da engenharia. A verdade é que no nosso país se constroem pontes desde o tempo dos romanos, há mais de 2000 anos (e algumas delas ainda estão em pé).
Algumas destas pontes são belíssimos monumentos, que vale a pena preservar e apreciar. São marcos da arquitetura e símbolos de uma época que se transformaram em autênticos pontos de interesse dos locais onde estão localizadas. E outras encerram histórias e lendas que enriquecem ainda mais a sua importância.
Porque as pontes não servem apenas para unir margens dos rios, mas podem ser também dignas de contemplação, deixamos-lhe aqui algumas das 7 pontes mais bonitas de Portugal.
1. Ponte Luís I
O verdadeiro nome desta ponte é Luiz I, e não D. Luís I, como é popularmente conhecida. Nomes à parte, esta ponte é um ex-libris da cidade do Porto e está incluída na zona classificada como Património Mundial pela UNESCO desde 1996. A construção da ponte foi adjudicada em 21 de novembro de 1881 à empresa Societé Willebreck, de Bruxelas, cujo administrador era Théophile Seyrig, discípulo de Gustave Eiffel e autor do projeto da nova ponte.
As obras começaram nesse mesmo ano e só terminaram em 1887. Foi no ano anterior, a 26 de maio, que se realizaram os primeiros testes à ponte, que foi sujeita a cargas de 2000 kg por metro linear de viga.
A 30 de outubro de 1886, terminam os trabalhos de construção do arco e do tabuleiro superior. A 31 de outubro desse ano, inaugura-se o tabuleiro superior da ponte. Em 1887, deu-se a inauguração do tabuleiro inferior, concluindo-se assim as obras de construção da nova ponte.
A ponte Luiz I teve portagem, de 5 réis por pessoa, instituída um dia depois da inauguração do tabuleiro superior. Estas portagens só deixaram de ser cobradas a 1 de janeiro de 1944, ou seja, quase 58 anos depois.
2. Ponte Vasco da Gama
Dois meses antes da abertura da Expo 98, a 29 de março de 1998, foi inaugurada a maior ponte da Europa e aquela que era, na altura, uma das maiores obras públicas realizadas em Portugal, a Ponte Vasco da Gama. Está situada a leste de Lisboa e liga Sacavém ao Montijo. A obra iniciou-se em julho de 1995, depois de uma primeira fase de planeamento que durou cerca de 3 anos.
Durante o período de planeamento, duas dezenas e meia de técnicas de 4 empresas diferentes, produziram uma dezena de milhar de volumes, com mais de 9000 desenhos, no sentido de planear a ponte até ao mais ínfimo pormenor.
Esta ponte é composta por 6 faixas de rodagem com piso antiderrapante, tem 1200 candeeiros, e centenas de pilares, extremamente firmes, que conseguem suportar impactos até 4 vezes e meia superior ao terramoto de 1755. Por outro lado, as “asas” laterais dos tabuleiros permitem uma melhor resistência ao vento, fazendo com que a ponte suporte rajadas até 220 km por hora.
No total, a Ponte Vasco da Gama tem um comprimento de 17,2 km, sendo que 12,3 desses quilómetros estão em tabuleiros suspensos sobre o Tejo. A construção mereceu o prémio da Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Engenharia, em 2000.
3. Ponte da Misarela
Esta bonita ponte está situada sobre o rio Rabagão, em pleno Gerês, perto da Barragem da Venda Nova. Mais propriamente, está localizada no lugar da Misarela, freguesia de Ferrão, concelho de Montalegre, e na freguesia de Ruivães, concelho de Vieira do Minho, uma vez que o rio Rabagão serve de fronteira natural entre estes dois concelhos.
A estrutura data da época medieval, ou pelo menos tem tradição arquitetónica medieval, estando enquadrada de forma espetacular na paisagem de densa vegetação. A ponte está associada a uma lenda já famosa, onde o protagonista é o Diabo, e é por essa razão que muitas vezes é apelidada de Ponte do Diabo.
4. Ponte de Trajano
A antiga Ponte de Trajano, situada sobre o leito do rio Tâmega, e construída em sólido granito transmontano, ligava ambas as margens da importante Civitas romana Aquae Flaviae, que hoje corresponde à moderna cidade de Chaves. Esta ponte romana foi uma importante obra de engenharia do eixo viário que estabelecia a ligação entre Braga e Astorga, em Espanha.
O comprimento total do tabuleiro alcança os 140 metros sendo que os parapeitos em pedra que o resguardavam foram desmantelados e substituídos por ferro em 1880. No centro da ponte e de ambos os lados, erguem-se os marcos-coluna, que contêm importantes inscrições epigráficas comemorativas. Este par de marcos foi deslocado do seu lugar original, graças à construção de casas sobre a margem direita da ponte.
A inscrição que se situa a montante informa que a ponte foi concebida na época do Imperador Trajano, em finais do século I, início do século II d. C., com o esforço económico dos habitantes de Chaves.
5. Ponte Medieval do Rio Sabor
Esta ponte, composta por cinco arcos largos (4 medianos e do meio bastante grande), é comumente referida como sendo romana. Mas este é um magnífico exemplar da arquitetura pontística, com os seus múltiplos arcos e perfil em cavalete, sendo uma construção de fábrica inequivocamente baixo-medieval.
A ponte mostra-se estreita e dotada de guardas, sob a forma de muretes de topo abaulado. Em 1860, o rio destruiu uma parte dela, graças a uma cheia. As obras de renovação apenas se deram pelos anos de 1938.
Em 1987, ergueu-se, a escassas centenas de metros, uma nova ponte em betão armado e com tabuleiro reto, assente sobre múltiplos pilares, com cerca de 250 metros de comprimento e 40 de altura.
Se quiser visitar a ponte medieval, também conhecida como Ponte de Izeda, basta ir à freguesia de Izeda, no concelho de Bragança, e fazer a viagem até Santulhão, já pertencente a Vimioso.
6. Ponte 25 de Abril
Quando esta ponte, que lembra a Golden Gate Bridge de São Francisco, foi construída em 1966, era a terceira maior da sua espécie, com 2,277 metros de comprimento e 6 faixas de rodagem na plataforma superior, que ligavam Lisboa à margem Sul.
Hoje, é a 17ª maior ponte suspensa do mundo, e conta com uma plataforma inferior com 2 linhas ferroviárias em dois sentidos. Foi construída pela American Bridge Company e 11 companhias locais. O aço foi importado dos Estados Unidos e o projeto, que envolveu cerca de 3000 operários, acabou por ser concluído em menos de 4 anos.
A ponte chamava-se originalmente Ponte Salazar, como homenagem ao ditador António de Oliveira Salazar, mas depois da revolução de 1974 foi renomeada 25 de Abril. A ponte é hoje gerida por uma concessão privada, que cobra portagem apenas para quem entra em Lisboa, embora a circulação seja grátis durante o mês de agosto.
7. Ponte de Ucanha
Esta ponte fortificada era a entrada monumental no Couto do Mosteiro de Salzedas, sendo que a torre servia de cobrança de portagem, de defesa e de armazenamento de produtos. A função militar da ponte era secundária, não existindo ameias no topo.
A existência desta estrutura já vem documentada no século XII, altura em que D. Afonso Henriques doou, em 1163, à viúva de Egas Moniz, Teresa Afonso, o couto de Algeriz, a que acrescentou o território de Ucanha. Pensa-se que a ponte tenha sido construída pelos romanos, no seguimento de uma estrada que passava perto dali.