Se procura uma planta trepadeira que produza flores deslumbrantes e perfumadas, capazes de cobrir pérgolas, muros ou arcos com uma cascata de cor, então as glicínias são a escolha ideal para si. As glicínias são plantas da família das leguminosas, originárias da Ásia e da América do Norte, que se adaptam bem ao clima português e que florescem na primavera ou no início do verão, criando um espetáculo visual e olfativo.
Existem cerca de 10 espécies de glicínias, mas as mais cultivadas nos jardins portugueses são a glicínia-chinesa (Wisteria sinensis), a glicínia-japonesa (Wisteria floribunda) e a glicínia-americana (Wisteria frutescens).
Estas espécies distinguem-se pelo sentido de enrolamento dos seus caules (a glicínia-chinesa enrola no sentido anti-horário, enquanto as outras duas enrolam no sentido horário), pela forma e pelo tamanho dos cachos de flores (a glicínia-japonesa tem os cachos mais longos e mais estreitos, podendo atingir 1 metro de comprimento, enquanto as outras duas têm os cachos mais curtos e mais largos, com cerca de 30 cm de comprimento), e pela época de floração (a glicínia-chinesa floresce antes das folhas aparecerem, enquanto as outras duas florescem ao mesmo tempo ou depois das folhas surgirem).
Dentro destas espécies, existem várias variedades que se diferenciam pela cor das flores, que podem ser brancas, rosas, azuis, lilases ou roxas. Algumas das variedades mais populares são:
- Wisteria sinensis ‘Alba’: tem flores brancas e perfumadas.
- Wisteria sinensis ‘Prolific’: tem flores azul-lilás e muito abundantes.
- Wisteria floribunda ‘Longissima Alba’: tem flores brancas e muito longas.
- Wisteria floribunda ‘Rosea’: tem flores rosadas e delicadas.
- Wisteria frutescens ‘Amethyst Falls’: tem flores roxo-azuladas e muito resistentes.
Como plantar glicínias
As glicínias são plantas que gostam de sol pleno ou meia-sombra, mas que precisam de receber luz direta pelo menos durante algumas horas do dia para florescerem bem. Também precisam de um espaço amplo e de um suporte forte para se desenvolverem, pois podem chegar a 15 metros de altura e 10 metros de largura.
O suporte pode ser uma pérgola, um muro, uma cerca ou um arco, desde que seja capaz de aguentar o peso da planta. As glicínias também podem ser cultivadas em vasos grandes, mas nesse caso é preciso podá-las com mais frequência e escolher uma variedade anã ou compacta.
A melhor época para plantaá-las é no outono ou no inverno, quando a planta está em repouso. Isso facilita o enraizamento e a adaptação ao novo local. Para plantar as glicínias, siga os seguintes passos:
- Escolha um local com sol pleno ou meia-sombra e com um suporte resistente para a planta se apoiar.
- Cave um buraco com cerca de duas vezes o tamanho do torrão da planta.
- Coloque uma camada de pedras ou cacos de cerâmica no fundo do buraco para facilitar a drenagem.
- Misture composto orgânico ou estrume curtido com areia grossa ou cascalho fino e preencha metade do buraco com essa mistura.
- Retire a planta do vaso ou do saco plástico com cuidado para não danificar as raízes.
- Coloque a planta no centro do buraco e espalhe as raízes sobre a mistura de solo.
- Preencha o restante do buraco com a mesma mistura de solo, apertando levemente para fixar a planta.
- Regue bem a planta, sem encharcar o solo.
- Amarre o caule da planta ao suporte com um arame ou uma corda, deixando uma certa folga para não estrangular a planta.
Como cuidar das glicínias
As glicínias são plantas de fácil cultivo e manutenção, mas que exigem alguns cuidados básicos para se manterem saudáveis e floridas. Veja quais são eles:
- Rega: devem ser regadas regularmente, mantendo o solo húmido, mas não encharcado. A frequência da rega depende do clima, do tipo de solo e da época do ano, mas em geral é suficiente regar uma ou duas vezes por semana no verão e a cada 15 dias no inverno. No caso das glicínias cultivadas em vasos, é importante verificar se o vaso tem furos de drenagem e se o prato está vazio após a rega, para evitar o acúmulo de água.
- Adubação: devem ser adubadas uma vez por ano, no início da primavera, com um adubo orgânico ou mineral rico em fósforo e potássio, que estimulam a floração. Evite adubar com azoto, pois ele favorece o crescimento das folhas em detrimento das flores. A dose recomendada é de 100 gramas de adubo por metro quadrado de solo ou por vaso.
- Poda: devem ser podadas duas vezes por ano, uma no inverno e outra no verão. A poda de inverno consiste em eliminar os ramos secos, doentes ou danificados, e reduzir os ramos mais longos em um terço do seu comprimento. A poda de verão consiste em cortar os rebentos laterais que surgem após a floração, deixando apenas dois ou três pares de folhas em cada um. A poda é essencial para controlar o tamanho da planta, estimular a floração e evitar que ela se torne invasora.
- Pragas e doenças: são plantas resistentes, mas podem ser atacadas por pragas como pulgões, cochonilhas, ácaros e lagartas, ou por doenças como oídio, ferrugem e antracnose. Para prevenir esses problemas, é importante manter a planta bem nutrida, regada e podada, e evitar o excesso de humidade no solo e nas folhas. Se detetar algum sinal de praga ou doença, é recomendável aplicar um inseticida ou fungicida específico para o caso, seguindo as instruções do fabricante.
Como multiplicar as glicínias
As glicínias podem ser multiplicadas por sementes, por estacas ou por enxertia, mas cada método tem as suas vantagens e desvantagens.
As sementes devem ser colhidas quando as vagens estiverem secas e quebradiças, e devem ser semeadas em vasos com substrato húmido e bem drenado. Devem ser cobertas com uma fina camada de terra e mantidas num local com temperatura entre 15 e 20 graus Celsius.
A germinação pode levar de um a três meses, e as mudas devem ser transplantadas para o local definitivo quando tiverem pelo menos dois pares de folhas. No entanto, as plantas obtidas por sementes podem demorar até 10 anos para florescer, e podem não ter as mesmas características da planta mãe.
As estacas são o método mais comum e eficaz de multiplicar as glicínias, pois permitem obter plantas idênticas à planta-mãe e que florescem mais cedo. Devem ser retiradas dos ramos semi-lenhosos no final do verão ou no início do outono e devem ter cerca de 15 cm de comprimento e pelo menos dois pares de folhas.
Coloque-as em vasos com substrato húmido e bem drenado, deixando apenas as folhas superiores à superfície. A base da estaca deve ser raspada levemente para expor a madeira branca e mergulhada em hormônio de enraizamento para estimular o desenvolvimento das raízes.
O vaso deve ser coberto com um saco plástico transparente para criar um ambiente húmido, protegido e mantido num local com luz indireta e temperatura entre 18 e 24 graus Celsius. A rega deve ser moderada, apenas para manter o substrato húmido. As raízes devem aparecer passado cerca de um mês, e as estacas devem ser transplantadas para o local definitivo na primavera seguinte.
A enxertia é uma técnica de propagação na qual uma parte de uma planta (o enxerto) é anexada a outra planta (o porta-enxerto). A vantagem deste método é que o enxerto se beneficia das características do porta-enxerto, como resistência a pragas e doenças, melhor adaptação ao solo e ao clima, etc. A desvantagem é que esse método requer mais habilidade e cuidado do que os outros.
A enxertia das glicínias pode ser feita por vários métodos, como enxertia de fenda, enxertia de garfo ou enxertia de borbulha. O mais comum é a enxertia de fenda, na qual se faz um corte vertical no caule do porta-enxerto e se introduz uma lasca do enxerto com um ou dois botões.
O local da enxertia deve ser amarrado com fita adesiva ou plástico para proteger a ferida e evitar a entrada de ar ou água. A enxertia deve ser feita no inverno ou no início da primavera, quando as plantas estão em repouso.