Se procura uma planta trepadeira que produza flores deslumbrantes e perfumadas, capazes de cobrir pérgolas, muros ou arcos com uma cascata de cor, então as glicínias são a escolha ideal para si. As glicínias são plantas da família das leguminosas, originárias da Ásia e da América do Norte, que se adaptam bem ao clima português e que florescem na primavera ou no início do verão, criando um espetáculo visual e olfativo.
Existem cerca de 10 espécies de glicínias, mas as mais cultivadas nos jardins portugueses são a glicínia-chinesa (Wisteria sinensis), a glicínia-japonesa (Wisteria floribunda) e a glicínia-americana (Wisteria frutescens).
Estas espécies distinguem-se pelo sentido de enrolamento dos seus caules (a glicínia-chinesa enrola no sentido anti-horário, enquanto as outras duas enrolam no sentido horário), pela forma e pelo tamanho dos cachos de flores (a glicínia-japonesa tem os cachos mais longos e mais estreitos, podendo atingir 1 metro de comprimento, enquanto as outras duas têm os cachos mais curtos e mais largos, com cerca de 30 cm de comprimento), e pela época de floração (a glicínia-chinesa floresce antes das folhas aparecerem, enquanto as outras duas florescem ao mesmo tempo ou depois das folhas surgirem).
![Glicínias](https://outsider.pt/wp-content/uploads/2023/08/blackswan79_wisteria_a6b3b962-9911-4702-ad34-c53360a70bd4-1024x683.jpg)
Dentro destas espécies, existem várias variedades que se diferenciam pela cor das flores, que podem ser brancas, rosas, azuis, lilases ou roxas. Algumas das variedades mais populares são:
- Wisteria sinensis ‘Alba’: tem flores brancas e perfumadas.
- Wisteria sinensis ‘Prolific’: tem flores azul-lilás e muito abundantes.
- Wisteria floribunda ‘Longissima Alba’: tem flores brancas e muito longas.
- Wisteria floribunda ‘Rosea’: tem flores rosadas e delicadas.
- Wisteria frutescens ‘Amethyst Falls’: tem flores roxo-azuladas e muito resistentes.
Como plantar glicínias
As glicínias são plantas que gostam de sol pleno ou meia-sombra, mas que precisam de receber luz direta pelo menos durante algumas horas do dia para florescerem bem. Também precisam de um espaço amplo e de um suporte forte para se desenvolverem, pois podem chegar a 15 metros de altura e 10 metros de largura.
O suporte pode ser uma pérgola, um muro, uma cerca ou um arco, desde que seja capaz de aguentar o peso da planta. As glicínias também podem ser cultivadas em vasos grandes, mas nesse caso é preciso podá-las com mais frequência e escolher uma variedade anã ou compacta.
A melhor época para plantaá-las é no outono ou no inverno, quando a planta está em repouso. Isso facilita o enraizamento e a adaptação ao novo local. Para plantar as glicínias, siga os seguintes passos:
- Escolha um local com sol pleno ou meia-sombra e com um suporte resistente para a planta se apoiar.
- Cave um buraco com cerca de duas vezes o tamanho do torrão da planta.
- Coloque uma camada de pedras ou cacos de cerâmica no fundo do buraco para facilitar a drenagem.
- Misture composto orgânico ou estrume curtido com areia grossa ou cascalho fino e preencha metade do buraco com essa mistura.
- Retire a planta do vaso ou do saco plástico com cuidado para não danificar as raízes.
- Coloque a planta no centro do buraco e espalhe as raízes sobre a mistura de solo.
- Preencha o restante do buraco com a mesma mistura de solo, apertando levemente para fixar a planta.
- Regue bem a planta, sem encharcar o solo.
- Amarre o caule da planta ao suporte com um arame ou uma corda, deixando uma certa folga para não estrangular a planta.
![Glicínias](https://outsider.pt/wp-content/uploads/2023/08/blackswan79_wisteria_8c4f6142-9c50-414a-a195-9fbd09444474-1024x683.jpg)
Como cuidar das glicínias
As glicínias são plantas de fácil cultivo e manutenção, mas que exigem alguns cuidados básicos para se manterem saudáveis e floridas. Veja quais são eles:
- Rega: devem ser regadas regularmente, mantendo o solo húmido, mas não encharcado. A frequência da rega depende do clima, do tipo de solo e da época do ano, mas em geral é suficiente regar uma ou duas vezes por semana no verão e a cada 15 dias no inverno. No caso das glicínias cultivadas em vasos, é importante verificar se o vaso tem furos de drenagem e se o prato está vazio após a rega, para evitar o acúmulo de água.
- Adubação: devem ser adubadas uma vez por ano, no início da primavera, com um adubo orgânico ou mineral rico em fósforo e potássio, que estimulam a floração. Evite adubar com azoto, pois ele favorece o crescimento das folhas em detrimento das flores. A dose recomendada é de 100 gramas de adubo por metro quadrado de solo ou por vaso.
- Poda: devem ser podadas duas vezes por ano, uma no inverno e outra no verão. A poda de inverno consiste em eliminar os ramos secos, doentes ou danificados, e reduzir os ramos mais longos em um terço do seu comprimento. A poda de verão consiste em cortar os rebentos laterais que surgem após a floração, deixando apenas dois ou três pares de folhas em cada um. A poda é essencial para controlar o tamanho da planta, estimular a floração e evitar que ela se torne invasora.
- Pragas e doenças: são plantas resistentes, mas podem ser atacadas por pragas como pulgões, cochonilhas, ácaros e lagartas, ou por doenças como oídio, ferrugem e antracnose. Para prevenir esses problemas, é importante manter a planta bem nutrida, regada e podada, e evitar o excesso de humidade no solo e nas folhas. Se detetar algum sinal de praga ou doença, é recomendável aplicar um inseticida ou fungicida específico para o caso, seguindo as instruções do fabricante.
Como multiplicar as glicínias
As glicínias podem ser multiplicadas por sementes, por estacas ou por enxertia, mas cada método tem as suas vantagens e desvantagens.
As sementes devem ser colhidas quando as vagens estiverem secas e quebradiças, e devem ser semeadas em vasos com substrato húmido e bem drenado. Devem ser cobertas com uma fina camada de terra e mantidas num local com temperatura entre 15 e 20 graus Celsius.
A germinação pode levar de um a três meses, e as mudas devem ser transplantadas para o local definitivo quando tiverem pelo menos dois pares de folhas. No entanto, as plantas obtidas por sementes podem demorar até 10 anos para florescer, e podem não ter as mesmas características da planta mãe.
As estacas são o método mais comum e eficaz de multiplicar as glicínias, pois permitem obter plantas idênticas à planta-mãe e que florescem mais cedo. Devem ser retiradas dos ramos semi-lenhosos no final do verão ou no início do outono e devem ter cerca de 15 cm de comprimento e pelo menos dois pares de folhas.
Coloque-as em vasos com substrato húmido e bem drenado, deixando apenas as folhas superiores à superfície. A base da estaca deve ser raspada levemente para expor a madeira branca e mergulhada em hormônio de enraizamento para estimular o desenvolvimento das raízes.
O vaso deve ser coberto com um saco plástico transparente para criar um ambiente húmido, protegido e mantido num local com luz indireta e temperatura entre 18 e 24 graus Celsius. A rega deve ser moderada, apenas para manter o substrato húmido. As raízes devem aparecer passado cerca de um mês, e as estacas devem ser transplantadas para o local definitivo na primavera seguinte.
A enxertia é uma técnica de propagação na qual uma parte de uma planta (o enxerto) é anexada a outra planta (o porta-enxerto). A vantagem deste método é que o enxerto se beneficia das características do porta-enxerto, como resistência a pragas e doenças, melhor adaptação ao solo e ao clima, etc. A desvantagem é que esse método requer mais habilidade e cuidado do que os outros.
A enxertia das glicínias pode ser feita por vários métodos, como enxertia de fenda, enxertia de garfo ou enxertia de borbulha. O mais comum é a enxertia de fenda, na qual se faz um corte vertical no caule do porta-enxerto e se introduz uma lasca do enxerto com um ou dois botões.
O local da enxertia deve ser amarrado com fita adesiva ou plástico para proteger a ferida e evitar a entrada de ar ou água. A enxertia deve ser feita no inverno ou no início da primavera, quando as plantas estão em repouso.