Existem centenas de castelos em Portugal, uns mais bem conservados, outros menos, uns transformados em museus, outros em pousadas. Construídos como meio de defesa das fronteiras dos ataques espanhóis, hoje os castelos são monumentos que nos lembram do quão difícil foi construir este país, em que lutámos sempre em desvantagem em relação aos nossos inimigos – razão pela qual Portugal é dos países do mundo com mais castelos construídos.
A grande maioria dos castelos de Portugal foi restaurada em meados do século XX. Antes disso, muitos deles estavam ao abandono. Existem relatos de castelos em Portugal que serviam como depósito de palha, estábulos para gado ou até estabelecimentos prisionais, por exemplo. Felizmente, foi-lhes dado o devido valor e hoje podemos vê-los em toda a sua imponência (na sua maioria).
É possível visitá-los e apreciá-los, tanto por dentro como por fora. Existem muitos exemplos de castelos portugueses que foram recuperados de forma exemplar. Hoje, para além de nos recordarem memórias do nosso passado, são também monumentos dos quais nos podemos orgulhar. Descubra 12 dos mais bonitos castelos de Portugal.
1. Castelo de Bragança
Uma fortificação primitiva no local poderá ter sido mandada construir por D. Afonso Henriques, pertencendo esta região ao seu cunhado, Fernão Mendes, a fortificação foi melhorada por D. Sancho I, que concedeu foral à povoação em 1187.
Com a crise de 1383-1385, aberta pela questão da sucessão de D. Fernando, o alcaide de Bragança oscilou entre o lado português e o castelhano, o que obrigou à intervenção de D. Nuno Álvares Pereira, o que o levou a ser reconhecido por D. João I. É ainda no reinado deste que as defesas do castelo são melhoradas e se constrói a imponente Torre de Menagem.
2. Castelo de Almourol
O castelo está situado numa pequena ilha, já habitada em tempos de ocupação romana, e que foi mais tarde ocupada por visigodos e muçulmanos. Almourol foi conquistado por D. Afonso Henriques no âmbito da reconquista cristã, em 1129, que entregou a fortificação à Ordem dos Templários.
A Ordem reconstruiu o castelo e deu-lhe as suas características templárias. Segundo as inscrições existentes sobre o portão principal, as obras terminaram em 1171.
3. Castelo de Marvão
Situado no mais alto pico da Serra de São Mamede, em pleno Parque Natural, daqui pode apreciar vistas magníficas. O território está ocupado possivelmente desde a pré-história, embora não haja certezas desta ocupação (nem da ocupação romana, embora a proximidade a uma via romana ateste essa possibilidade).
O que se sabe é que D. Afonso Henriques terá conquistado este castelo aos mouros por volta de 1166, numa campanha que se iniciou com a conquista de Alcácer do Sal. A data mais antiga que atesta a pertença portuguesa do castelo é 1214.
4. Castelo de Montalegre
Este castelo foi já construído tardiamente, no reinado de D. Afonso III, como forma de reorganização das fronteiras a este e oeste de Chaves. O objetivo era que a fronteira setentrional de Trás-os-Montes ficasse dotada de uma ordem territorial e jurídica efetiva, sob o poder do Rei.
O domínio régio não foi de longa duração, uma vez que, ainda antes do séc. XIII terminar, Pedro Anes recebeu de D. Dinis a Carta de Foral de Montalegre, para que se povoassem essas terras, já que, na altura, estas estavam desertas.
5. Castelo de Sortelha
Sortelha foi fundada por D. Sancho I, com população oriunda das proximidades de Santo Estêvão. Nesta altura, a reconquista tinha já avançado bem para lá do Tejo, mas havia diversas escaramuças a leste entre portugueses e leoneses.
Assim, houve necessidade de se definir uma fronteira e a proteger. Leão fortifica a vila do Sabugal, a leste do Côa, e Portugal responde com a fundação, no séc. XIII, da praça militar de Sortelha.
6. Castelo de Arraiolos
É aceite que este castelo foi construído no reinado de D. Dinis, por volta de 1310, tendo a fortificação sido doada a D. Nuno Álvares Pereira em 1387, tendo este recebido o título de Conde de Arraiolos.
No reinado de D. João IV, em plena Restauração da Independência, o castelo foi remodelado. No entanto, algumas décadas depois estava ao abandono, sendo que o terramoto de 1755 completou a ruína desta fortificação.
7. Castelo de Santa Maria da Feira
Este é um dos mais notáveis monumentos portugueses, já que espelha a diversidade de recursos defensivos existentes entre os séculos XI e XVI.
Além de ser um posto militar de importância, tinha uma dimensão política e cultural, sendo fundamental para a vitória de São Mamede, em 1128, altura em que o alcaide do castelo, Pêro Gonçalves de Marnel, tomou o partido de D. Afonso Henriques contra D. Teresa.
8. Castelo do Lindoso
Segundo alguns autores, Lindoso vem do latim “Limitosum”, ou seja, fronteira, limite. Não existem informações sobre a ocupação primitiva do território.
Sabe-se, no entanto, que o topónimo não está mencionado nas inquirições de 1220, mas aparece já nas de 1258. Assim, pensa-se que o castelo tenha sido erguido de raiz no reinado de D. Afonso III, numa tentativa de reforçar a defesa das fronteiras.
9. Castelo dos Mouros
Do castelo dos mouros, consegue admirar uma paisagem única, que se estende desimpedida até ao Oceano Atlântico.
De configuração irregular e sobranceiro à Serra de Sintra, esta fortificação foi construída no séc. X, após a conquista muçulmana da Península. Foi depois ampliado após a reconquista cristã.
10. Castelo de Guimarães
Num contexto de reconquista cristã, os domínios de Vimaranes (a atual Guimarães) foram outorgados, em finais do séc. IX, a um cavaleiro de origem castelhana, chamado Diogo Fernandes, que aqui se estabeleceu. Uma das suas filhas, Mumadona Dias, casou com o poderoso conde Hermenegildo Gonçalves, governando, desde meados do séc. X até ao terceiro quartel do séc. XI os domínios de Portucale.
Mumadona enviuvou em 928, sendo que em julho de 950 os seus domínios foram divididos com os seus seis filhos. Foi neste momento que fundou um mosteiro, ao qual doou mais tarde terras, gado, rendas, objetos de culto e livros religiosos. O castelo foi construído pouco depois, servindo como sistema de defesa para o mosteiro que fundou.
11. Castelo de Penedono
A mais antiga referência a este castelo é de 960, mas crê-se que este deve ser anterior, já que na base da estrutura se encontraram fiadas paralelas, caraterísticas das construções árabes.
O castelo está associado à figura do Magriço, Álvaro Gonçalves Coutinho, natural de Penedono, e que foi imortalizado por Camões n’Os Lusíadas, onde narra os feitos dos Doze de Inglaterra. O castelo foi classificado como Monumento Nacional a 16 de junho de 1910.
12. Castelo do Sabugal
A região foi palco de acesas disputas entre os reis de Portugal e de Castelo, tendo finalmente D. Dinis tomado a sua posse, bem como das terras de Riba-Coa, em 1296, o que foi confirmado no Tratado de Alcanizes em 1297. D. Dinis procedeu então ao repovoamento do local e deu-lhe Carta de Foral, mandando ao mesmo tempo erigir o castelo. O castelo serviu, ao longo da história, a sua função militar, embora tenha chegado a ser convertido em prisão.
Um dos mais ilustres prisioneiros do local foi o poeta e cavaleiro Brás Garcia de Mascarenhas, escritor do séc. XVII, célebre pelas suas aventuras e pelo épico poema Viriato Trágico. Um dos mais importantes acontecimentos militares do castelo aconteceu em abril de 1811, altura em que as tropas anglo-lusas aqui aquarteladas derrotaram o exército francês, que se retirava sob o comando de Massena.