Em plena Serra da Lousã, na pequena e pitoresca aldeia de xisto de Chiqueiro, vivem apenas 2 pessoas… e o seu enorme rebanho de cabras. É a mais pequena aldeia de xisto de toda a serra e também uma das mais secretas. E, apesar do seu pequeno tamanho, consegue cativar com facilidade quem a visita.
O Chiqueiro tem apenas 2 pequenas ruas ladeadas pelo casario em xisto. A delimitá-la, 2 pequenos ribeiros e uma frondosa vegetação que lhe dão um ar acolhedor e pitoresco. O xisto utilizado na construção das suas casas é escuro e contrasta com a capela, o único edifício branco de toda a aldeia.
O seu nome não engana: este local esteve sempre associado à presença de animais. Hoje em dia é conhecida pelo seu rebanho de cabras, mas no passado, quando havia mais gente, havia também outros animais, como ovelhas, burros, galinhas e porcos. Aliás, o termo “chiqueiro” significa pocilga, o local onde dormem e comem os porcos.
Tendo apenas um casal de habitantes, é fácil visitar a aldeia de Chiqueiro e não encontrar aqui ninguém. Mas se tiver a sorte de os encontrar, irá perceber que chegou a um sítio onde todos são bem vindos, desde que respeitem os moradores locais e as suas tradições. Vale a pena trocar umas palavras com os seus moradores e descobrir um pouco mais sobre a história da aldeia.
Ficará a saber, por exemplo, que até aos anos 80 do século passado, eram muitas as famílias que aqui viviam. Os seus filhos partiram para outros locais em busca de uma vida melhor e por aqui ficaram apenas os mais velhos, agarrados ao cantinho que os viu nascer e teimando em manter viva a sua aldeia e o seu modo de vida.
Apesar de não regressarem, alguns dos filhos da terra começaram a recuperar as suas casas, talvez com a ideia de um dia voltarem ou de transformá-las em turismo rural. Nos últimos anos têm sido muitos os trabalhos de restauro que têm dado uma nova cara ao Chiqueiro.
Passear pelos seus becos e ruelas é a melhor forma de conhecer a aldeia. Não há muito para ver, mas há muito para sentir. Por isso, aprecie cada detalhe com atenção e tente imaginar como era a vida das pessoas que aqui moravam. A fonte de água, o tanque para lavar a roupa, o parque de merendas e a Capela da Nossa Senhora da Guia constituem o património arquitetónico do lugar.
Uma das melhores formas de conhecer esta região é realizando algum dos trilhos ou percursos pedestres oficiais da Serra da Lousã. O “PR5 LSA – Caminho do Xisto – Rota dos Serranos” tem pouco mais de 6 quilómetros e é de nível difícil, mas permite conhecer outras aldeias de xisto nos arredores, como Casal Novo e Talasnal.
Para além da vegetação frondosa de carvalhos, sobreiros e pinheiros bravos, é possível avistar pequenas ribeiras por entre os bosques. E, com um pouco de sorte, pode cruzar-se com alguns javalis, corços e veados. Tratando-se de um trilho difícil, recomenda-se que leve consigo roupa e calçado confortável, água, comida e um meio de comunicação.
Para além das já referidas aldeias do Talasnal e do Casal Novo, é ainda possível visitar Vaqueirinho, Catarredor, Candal e Cerdeira, todas elas aldeias de xisto e uma curta distância. O Baloiço do Trevim, o Castelo da Lousã e a Praia Fluvial da Nossa Senhora da Piedade são outras das atrações a não perder nas redondezas.
O seu aspecto humilde, simples e simpático fazem do Chiqueiro um daqueles locais onde a alma das gentes da Serra da Lousã ainda se mantém viva. Passear pelas suas ruas de xisto é fazer uma autêntica viagem ao passado e às raízes daquilo que somos enquanto povo.
A Serra da Lousã possui muitas aldeias de xisto que outrora quase caíram no esquecimento. Mas felizmente, nos últimos anos, muitas têm sido recuperadas. As suas ruas e as suas casas começaram a ganhar uma nova vida. Algumas famílias mudaram-se para aqui de vez e os turistas também começaram a chegar.
Todos eles, habitantes e turistas, contribuem para que esta região ganhe de novo o fulgor que outrora perdeu. E em termos de dinâmica turística, é justo afirmar que a Serra da Lousã e as suas aldeias estão nas posições cimeiras da inovação e do turismo sustentável. De que está à espera para as visitar?