A aldeia de xisto de Gondramaz é uma localidade de grande beleza natural, que oferece experiências excecionais. Aqui os sentidos são estimulados a todo o instante, pela comunhão entre a natureza intacta e o silêncio que permite o foco dos visitantes em tudo o que é belo.
Na belíssima e singela Gondramaz, que apenas tem sete habitantes permanentes, é possível vislumbrar a comunhão entre a renovação promovida pelo homem e todo o ecossistema envolvente, que permite contactar com fenómenos de grande beleza. Dentre estes aspectos, podemos ir de bosques de castanheiros a cascatas profundamente inspiradoras.
Esta aldeia pertence ao concelho de Miranda do Corvo e estrutura-se a partir de uma rua principal, da qual sai uma rede de ruelas estreitas e sinuosas que despertam facilmente a curiosidade dos visitantes. Por isso, apetece percorrer as ruas num natural e genuíno ambiente.
Verdade seja dita que as acessibilidades não são famosas, mas a renovação aqui levada a cabo manteve as normas camarárias e o traço original, sendo as boas vindas dadas por um poema de Miguel Torga, que se encontra numa placa metálica na área de recepção da aldeia.
Aqui o xisto envolve os visitantes por inteiro, sendo um ótimo exemplo do modo como a pedra é trabalhada e respeitada pelos artesãos. Tem de deixar-se deste já a justiça feita a tais artesãos cujas mãos hábeis criam carisma na aldeia e na serra, levando a sua marca além-fronteiras.
Sendo o material predominante o xisto, preserva-se o genuíno espírito de aldeia num aglomerado muito agregado que mantém uma leitura tradicional. O pavimento do chão, com uma notável aplicação em xisto, permite que sobre ele se desenvolva um percurso acessível.
Percorrer a aldeia significa contactar diretamente com o metamorfismo típico do xisto. Nesta incursão identifica-se o som das quedas de água que conferem acalmia aos espíritos mais agitados, que ao mesmo tempo podem apreciar encostas rochosas e os vales cobertos por um manto verde derivado do arvoredo envolvente e marcante.
A acústica de Gondramaz é marcante. Nas suas ruas os sons produzidos despertam os sentidos. As vozes tornam-se mais nítidas e cativantes, produto de todo o contexto natural envolvente.
Localizada na vertente ocidental da Serra da Lousã, a paisagem que envolve Gondramaz é uma fotografia de capa de livro, obra da natureza no seu esplendor.
Neste local estamos perante uma das intervenções de requalificação mais bem sucedidas da Rede das Aldeias do Xisto, não sendo de estranhar a presença de muitos visitantes perante todo este potencial.
São várias as vertentes que podem ser exploradas nesta zona, como por exemplo as provas e passeios de Bicicletas Todo o Terreno (BTT) em trilhos que convidam à exploração. Estas atividades trazem praticantes e uma movimentação que os habitantes já não estranham.
O contexto florestal envolvente é dominado por carvalhos, mas principalmente castanheiros, contando-se alguns azevinhos. Esta vegetação está acessível logo em volta das casas da aldeia e é maravilhoso juntar as obras de arte associadas ao xisto com a envolvência da beleza natural.
Gondramaz é um paraíso rodeado por serras, com particularidade para a Serra da Lousã, sendo que para além da flora a fauna tem também marca caraterística. Assim, é possível identificar veados com uma presença assídua nas encostas que rodeiam a aldeia.
Para além destes e do seu bramar caraterístico, também as raposas e os javalis andam por aqui, de forma mais ou menos discreta, assim como outros ilustres seres, de que é exemplo a Salamandra-lusitânica.
São também inúmeros os riachos que dão um charme especial, onde se conseguem encontrar barbos e bogas, bastante apreciados pelas suas características a nível de paladar.
É marcante um poema de Miguel torga, que retrata particularmente aquilo que relatamos neste artigo, que a Aldeia de Gondramaz presenteia e introduz os seus visitantes.
“A vida é feita de nadas: de grandes serras paradas; à espera de movimento; de Searas onduladas pelo vento. De casas de moradias, caídas e com sinais, De ninhos que outrora havia nas Beiras; de poeira, de sombra de uma figueira; de ver esta maravilha: meu pai a erguer uma videira, como uma mãe que faz uma trança à filha”
Sem dúvida que são apropriadas as palavras perante aquilo que Gondramaz proporciona. Da mistura de palavras habilmente escritas pode deduzir-se que esta é uma terra que tem muito para dar.
A ida a Gondramaz permitirá relativizar o alvoroço do dia-a-dia perante uma perspetiva que permite respirar e tirar partido da natureza e do mundo rural ainda pouco alterado pela intervenção antrópica. Aqui há hipótese de aproveitar bons momentos e de contactar com gente da terra.
Integrada na rota das Aldeias de Xisto, Gondramaz não é favorecida pelas acessibilidades, mas dista apenas 9 km da sede de concelho, a vila de Miranda do Corvo, e integra a Rede Natura 2000.
Esta aldeia está exposta a nordeste e posiciona-se a meio de uma das encostas da Serra da Lousã, sendo ladeada por duas linhas de água bem encaixadas. A nível de relevo esta caraterística marca Gondramaz.
E o que visitar nos arredores de Gondramaz? Vamos deixar três sugestões por ordem de posição geográfica. Assim, mencionamos a cascata do Penedo dos Corvos, o Parque Biológico da Serra da Lousã e o Castelo da Lousã.
Em relação à cascata do Penedo dos Corvos, esta constitui uma queda de água de enorme beleza, e está enquadrada num percurso que é feito pelos amantes de BTT.
O Parque Biológico da Serra da Lousã é uma grande atração da fauna portuguesa. Situa-se em Mirando do Corvo, e constitui-se como uma ótima amostra da fauna selvagem de Portugal. Neste local existe a possibilidade de desfrutar da comunhão com exemplares variados, que embora em cativeiro mantém todos os traços do seu ambiente natural.
A título de exemplo podemos mencionar que no parque existem exemplares como mamíferos tipo urso pardo ou sacarrabos, aves como o açor ou o bufo real e ainda répteis como a cobra de escada ou o dragão barbudo.
Por último e a respeito do castelo da Lousã, refere-se que é um local datado do século XI e que se encontra classificado como monumento nacional. O xisto continua aqui a ser imagem de marca, já que é a base para a sua construção, mas destacam-se igualmente três cubelos e uma torre de menagem.
Sendo de pequena dimensão, pode ser um local de interesse a nível pedagógico para introduzir conceitos associados à forma, estrutura e função dos elementos que constituem os castelos.