Não é tarefa fácil escolher qual é o mais belo monumento em Portugal, até porque é um país rico em património histórico (e porque os gostos são sempre subjetivos). Mas existe um monumento nacional que não tem comparação, tanto a nível nacional, como na Europa (existindo apenas alguns palácios na Alemanha com algumas semelhanças).
Falamos do Palácio da Pena, que se ergue sobre uma rocha escarpada, no segundo ponto mais alto da Serra de Sintra (acima do palácio, só se encontra a Cruz Alta, a 528 metros de altitude). O Palácio da Pena é Monumento Nacional desde 1910, e faz parte da Paisagem Cultural de Sintra, que é Património Mundial da Humanidade da UNESCO desde 1995.
Trata-se de um dos maiores símbolos de Sintra e também de Portugal. O Palácio da Pena é presença constante nos rankings dos palácios mais bonitos do mundo e podemos dizer, com um grau elevado de certeza, que é provavelmente o monumento mais fotografado para postais que são depois enviados para o estrangeiro.
O palácio está na zona oriental do Parque da Pena, e para o visitar, terá de subir a íngreme rampa construída pelo Barão de Eschwege. O palácio em si constitui-se por duas alas: o antigo convento manuelino (da Ordem de São Jerónimo) e a parte mandada construir por D. Fernando II, no séc. XIX.
As duas alas estão rodeadas por uma terceira estrutura, que parece quase um castelo de caminhos de ronda, com merlões e ameias, torres de vigia, um túnel de acesso e até uma ponte levadiça. Tudo foi construído seguindo as mais elementares regras do estilo romântico (foi um dos primeiros palácios da Europa a ser construído neste estilo arquitetónico).
Foi em 1838 que D. Fernando II, real esposo de D. Maria II, adquiriu o convento dos monges dos Jerónimos de Nossa Senhora da Pena, que tinha sido erguido em 1511, mas que estava abandonado desde a extinção das ordens religiosas, em 1834. O convento em si era composto pelo claustro e dependências, da capela, sacristia e torre sineira, que são hoje o chamado Palácio Velho.
D. Fernando começou por mandar fazer reparações no convento, que estava em muito mau estado. O piso superior foi remodelado, e as celas foram demolidas para se criarem salas de maiores dimensões, cobrindo-as com a abóbada que hoje podemos ver.
Em 1843, o palácio foi ampliado, construindo-se a nova ala (o Palácio Novo), com salas de maior dimensão, de que é exemplo o Salão Nobre. O conjunto foi rematado com um torreão circular, perto das novas cozinhas. As obras foram dirigidas pelo Barão de Eschwege.
D. Fernando, na sua idealização do Palácio da Pena, foi fortemente influenciado pelo romantismo alemão, tendo-se provavelmente inspirado nos castelos de Stolzenfels e Rheinstein, bem como na residência de Babelsberg.
As obras no palácio terminaram na década de 1860, embora se fizessem posteriormente vários projetos de decoração dos interiores. No restauro do palácio que ocorreu em 1994, devolveram-se ao monumento as cores originais: rosa-velho no mosteiro antigo, e ocre no Palácio Novo.
O Parque da Pena, que envolve o castelo, também foi mandado plantar de raiz por D. Fernando. A inspiração é romântica, com caminhos a serpentear pelo parque, pavilhões e bancos de pedra a pontuar o percurso, e árvores e plantas provenientes de todo o mundo, que beneficiam do clima húmido da Serra de Sintra. Assim se criou um parque com mais de 500 espécies arbóreas.
Outra construção muito interessante no Parque é o Chalet da Condessa (também conhecido como Casa do Regalo), que D. Fernando mandou construir para a sua segunda mulher, Elise Hensler (a Condessa d’Edla), no extremo ocidental do Parque da Pena. A ideia era que este fosse um local de veraneio reservado. A construção tem dois pisos e inspiração albina, embora mantenha uma relação visual com o palácio.
A mesma Condessa d’Edla acabaria por se tornar herdeira do Palácio da Pena após a morte de D. Fernando II. O caso provocou imensas reações de desagrado em todos os quadrantes sociais e políticos do país, já que ninguém desejava ver tal monumento nas mãos de uma estrangeira. O governo acabaria por comprar o palácio à condessa mais tarde.
Esta compra fez com que o Palácio da Pena deixasse de ser uma propriedade privada e passasse a ser propriedade pública, embora a família real lá continuasse a viver. O último rei português que o habitou foi D. Manuel II, durante apenas 2 anos. A partir daí, o palácio passou a poder ser visitado pelo cidadão português mais comum, mesmo que não tivesse sangue azul.