Sexta-feira, 9 Junho, 2023

Santa Susana: provavelmente, uma das aldeias mais bonitas do Alentejo

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A arquitetura, as casas caiadas de branco e as faixas azuis não enganam: estamos no Alentejo. Mas é um local muito especial desta região: Santa Susana é a aldeia onde, segundo a tradição oral, se terá começado a pintar as faixas das casas alentejanas com a cor azul.

É certo que o azul não é a única cor típica das faixas das casas alentejanas: também se pode utilizar o amarelo, o laranja, o vermelho ou o verde, por exemplo. Mas a cor azul é, sem dúvida, a mais dominante em qualquer aldeia do Alentejo. E sabia que essa cor tem o nome de “azul de Santa Susana”?

Segundo se diz, teria sido nesta pequena aldeia de Alcácer do Sal que se usou pela primeira vez esta cor. O resultado parece ter agradado aos moradores e aos visitantes e o certo é que, com o tempo, este hábito se espalhou por todo o Alentejo. Verdade ou não… é algo do qual os moradores da aldeia se orgulham bastante.

Santa Susana
Santa Susana

E orgulham-se tanto que, a cada dois anos, todos se reúnem para a tradição de pintar as casas de novo. Com a ajuda de todos, todas as casas são pintadas, mesmo aquelas que estão ao abandono. É uma forma de preservar o património e de mostrar a quem os visita o orgulho que têm na sua aldeia.

Mas há mais razões para visitar Santa Susana (embora as casas caiadas de azul e branco sejam belíssimas). Desde logo, vale a pena passear pelas suas ruas (que são apenas 10) e apreciar cada pormenor. É fácil encontrar o cruzeiro, a Igreja Matriz e o largo central da aldeia, onde os moradores conversam para passar o tempo.

Santa Susana, bastante distante da sede de concelho e sem qualquer serviço essencial, possui um enorme sentido de comunidade. Os seus habitantes entreajudam-se e cuidam uns dos outros. Esta vivência reflete-se também na forma carinhosa e amável com que recebem quem os visita. Por isso mesmo, nada como meter conversa e conhecê-los melhor.

Dois dedos de conversa são sempre a melhor forma de conhecer a cultura e as tradições deste povo. E com certeza que lhe irão falar do teatro comunitário onde se pode assistir a uma aula de yoga ou um concerto esporádico e também do maravilhoso arroz de cabidela que se pode comer no único restaurante da terra.

Santa Susana
Santa Susana

O artesanato de Santa Susana é famoso na região. Destacam-se as miniaturas de cortiça e madeira, feitas sobretudo pelos homens, e as rendas e bordados, feitas pelas mulheres. Fazem-no para passar o tempo e também para honrar as artes e os saberes de antigamente, que tantas saudades lhes deixaram.

Bem perto existiu uma antiga mina de carvão e, quando funcionava, eram bem mais os moradores que aqui viviam. Mas a aldeia nasceu para dar alojamento aos trabalhadores agrícolas das herdades das redondezas. Acabariam por ficar a viver aqui definitivamente. Com toda a beleza que os rodeia, quem os pode criticar?

Já que está aqui, aproveite também para dar um passeio pelas redondezas. O grande destaque vai para a típica vila alentejana do Torrão. Trata-se de uma pérola quase desconhecida do Alentejo e que passa à margem dos destinos turísticos. Mas a beleza singela das suas casas e ruas conquistam qualquer visitante.

Outra típica aldeia do Alentejo que pode visitar nos arredores é São Cristóvão. Tal como Santa Susana, destaca-se pelas suas casas azuis e brancas. Destaque ainda para Alcáçovas, famosa pelos seus doces conventuais, pelos chocalhos (Património Imaterial da Humanidade) e também pela sua riqueza arquitetónica.

Santa Susana, pela sua paisagem, pelos seus casarios e, acima de tudo, pelos seus habitantes, merece uma visita demorada da sua parte. Verá que a experiência será daquelas que vai ficar gravada na sua mente e, quem sabe, irá alterar a sua visão do que é a vida.

E no fim da sua visita, não vá embora sem antes comprar uma pequena lembrança ou um produto regional. Além de ajudar o comércio local, irá também contribuir para que os seus habitantes possam continuar a viver aqui e a recebê-lo sempre de braços abertos.

Diana Santos
Diana Santos
Nascida e criada em Barcelos, foi no Porto que estudou jornalismo mas chama casa à cidade de Guimarães. Alia o gosto pela escrita à sua paixão por viagens.

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