A região de Trás-os-Montes é rica em pequenas aldeias, umas mais conhecidas do que outras, onde ainda são preservados muitos dos hábitos antigos das suas populações. Apesar de o progresso ter tomado conta de muitas delas, ainda existem algumas típicas e tradicionais, repletas de pequenos detalhes que nos fazem viajar no tempo.
Seja em no Douro, em Montesinho ou no Parque Nacional da Peneda Gerês, muitas destas aldeias começam agora a ganhar uma nova vida depois de algumas décadas de abandono. Motivadas pelo amor à terra e pelas tradições, existem pessoas que estão a recuperar casas ou aldeias inteiras com o intuito de voltar a dar-lhes a vida que outrora tiveram.
Visitar estas aldeias é mergulhar no mais profundo da nossa cultura, das nossas tradições e daquilo que somos enquanto povo. Preservá-las e estimá-las é respeitar a nossa história e assegurar que os nossos descendentes também as possam visitar. Descubra algumas das mais secretas aldeias de Trás-os-Montes.
1. Travassos do Rio
Existem 2 aldeias com o nome Travassos em Montalegre. A esta é acrescentado “do Rio” por se localizar ao longo do vale do rio Cávado. É uma típica aldeia transmontana que fica já dentro do Parque Nacional da Peneda Gerês. As suas ruas e as suas casas são em pedra e o aspeto rústico está presente em todo o lado.
Travassos do Rio é famosa graças a um dos mais curiosos monumentos de Trás-os-Montes: a Torre do Boi. Esta enorme construção foi erigida em honra a um lendário boi da aldeia, animal muito importante nesta região, tanto pela carne como pelas famosas “chegas de bois”. Ao que parece, o lendário boi foi um campeão imbatível destas lutas.
Longe de tudo e de todos, Travassos do Rio conseguiu manter-se como uma aldeia típica e pouco afetada pelas construções modernas que tanto descaracterizaram outras aldeias. Um passeio pelas suas ruas permite descobrir fontes de água, fornos, casebres para animais e, claro, a famosa Torre do Boi.
2. Lamas de Olo
Situada a mil metros de altitude, no concelho de Vila Real, a aldeia de Lamas de Olo é um tesouro escondido em Trás-os-Montes. A quem a visita, esta aldeia deixa a sensação de ter viajado no tempo e certamente vontade de regressar. Aqui ainda é possível encontrar algumas das mais genuínas tradições e paisagens transmontanas.
Esta pequena aldeia conta com menos de 200 habitantes e preserva o mesmo aspeto simples e tradicional da sua origem. As típicas casas de granito e telhados de colmo, a tranquilidade da Natureza em redor e a presença ainda marcada da agricultura e pecuária tornam Lamas de Olo uma verdadeira relíquia que prova ser possível resistir à passagem do tempo.
3. Varge
A pequena e singela aldeia de Varge localiza-se no concelho de Bragança, no coração do Parque Natural de Montesinho, em Trás-os-Montes. É uma das mais típicas e genuínas aldeias transmontanas e famosa pelos seus caretos: os caretos de Varge. Mas ao contrário do que acontece em Podence, aqui os caretos andam à solta pelas ruas durante o Natal e não no Carnaval.
Chamam-lhe a “Festa dos Rapazes” e acontece todos os anos durante o solstício de Inverno. Entre os dias 24 e 26 de Dezembro, os jovens da aldeia (mesmo aqueles que partiram para outras paragens) reúnem-se para dar vida a uma das mais emblemáticas tradições populares portuguesas.
Fazem-no com um orgulho imenso na sua terra, na sua cultura e nas suas tradições. É um misto de honra, de dedicação e de respeito pelas suas origens que os motiva para que esta tradição secular se mantenha viva. Esteve quase a cair no esquecimento, tal como outras festas de outros caretos transmontanos, mas sobreviveu e hoje está mais forte do que nunca.
4. São Xisto
Como o próprio nome indica, aqui domina o xisto, em contraste com a margem oposto do rio Douro que daqui é possível avistar. Localizada em São João da Pesqueira, em pleno Douro vinhateiro, a aldeia de São Xisto é dominada por uma paisagem de cortar a respiração.
Aprecie os socalcos das vinhas, os típicos muros de pedra e as suas casas tradicionais. Mas não fique por aqui! Uma capela, uma fonte centenária e o Mirante Anjo Arrependido são outras das atrações de São Xisto. Perca também algum tempo a visitar os tradicionais lagares de vinho e de azeite.
5. Vilarinho de Negrões
Em Montalegre, existe uma aldeia de uma beleza inigualável e muito pitoresca, que parece crescer por sobre a água. Afinal, as casas estão praticamente rodeadas por água, o que lhe dá um aspeto único no nosso país.
Falamos da aldeia de Vilarinho de Negrões, um local que merece a sua visita mais demorada, para que possa conhecer as imediações, o património natural e arquitetónico e deliciar-se com as iguarias regionais. Aqui, conseguirá encontrar sossego e tranquilidade, perfeito quer seja para uma viagem sozinho quer em família.
Situada na margem sul da Albufeira do Alto Rabagão, cuja construção terminou em 1964, Vilarinho de Negrões encontra-se numa península estreita, com os seus casarios típicos da região a espraiarem-se por esta língua de terra.