Viajar é, para muitos, sinónimo de descanso e descoberta. No entanto, para quem vive com determinadas condições de saúde, entrar num avião pode representar um risco real.
Mudanças de pressão, menor oxigénio e a imobilidade prolongada durante o voo são fatores que podem agravar certos problemas clínicos — e transformar o entusiasmo por um novo destino numa situação de emergência a bordo.
Problemas cardíacos: avaliar antes de embarcar
Pessoas que sofreram um enfarte devem, segundo a Civil Aviation Authority do Reino Unido, evitar voar nos primeiros 7 a 10 dias após o episódio.
Outras situações que justificam precaução incluem angina instável, insuficiência cardíaca descompensada e arritmias não controladas. Nestes casos, só o cardiologista pode confirmar se a viagem é segura.
Dificuldades respiratórias: atenção ao ar rarefeito
A pressão dentro da cabine equivale a uma altitude de cerca de 2400 metros, o que reduz a quantidade de oxigénio disponível. Para quem tem DPOC, fibrose pulmonar ou asma severa, esta realidade pode ser um desafio.
Nalgumas situações, é recomendável o uso de oxigénio suplementar — algo que deve ser comunicado à companhia aérea com antecedência.
Anemia grave: menos oxigénio, mais risco
Se os níveis de hemoglobina forem muito baixos (inferiores a 7,5 g/dL), os sintomas como tonturas e cansaço podem agravar-se em altitude. Nestes casos, é aconselhável adiar a viagem e procurar avaliação médica especializada.
Cirurgias recentes e pneumotórax: voar pode ser doloroso
Quem passou por uma cirurgia abdominal ou torácica, ou sofreu um colapso pulmonar, deve aguardar entre 4 a 10 dias (ou mais) antes de voar. A pressão atmosférica pode provocar expansão de gases nos tecidos, com risco de dor intensa e complicações.
Trombose e embolia: o perigo da imobilidade
Historial de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar obriga a cuidados redobrados. Para prevenir complicações, é importante mover-se regularmente durante o voo, manter-se hidratado e, em certos casos, usar meias de compressão ou tomar medicação anticoagulante, conforme orientação médica.
A Fundação Europeia do Pulmão recomenda medidas preventivas em voos superiores a 4 horas.
Doenças contagiosas: voar é um risco para todos
Tuberculose, gripe com febre elevada, sarampo e outras infeções ativas não devem embarcar. Proteger os outros é também uma responsabilidade individual, como reforça a Organização Mundial de Saúde.
Problemas nos ouvidos, sinusite ou tratamentos dentários
As mudanças de pressão podem causar dores muito intensas se houver infeções no ouvido ou problemas sinusais. O NHS do Reino Unido alerta ainda para o desconforto associado a tratamentos dentários recentes.
O mais sensato? Falar com o médico
Antes de viajar, consulte o seu especialista. Um parecer médico pode evitar complicações desnecessárias e garantir uma viagem tranquila — mesmo que isso implique remarcar o voo. Afinal, cuidar da saúde é o primeiro passo para uma boa viagem.